Com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autoridades locais e nacionais, como o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o governador da Bahia, Jacques Vagner, o corpo do governador de Sergipe, Marcelo Déda Chagas, começou a ser velado no início da noite dessa segunda-feira no Palácio-Museu Olímpio Campos em Aracaju, capital de Sergipe.
A missa com familiares, autoridades e amigos teve início pouco depois das 19 horas e contou no final com discursos emocionados de lideranças do PT, do governador em exercício, Jackson Barreto (PMDB), e da mulher de Déda, Eliane Aquino. A primeira a falar foi a presidente Dilma.
De forma sucinta e emocionada, Dilma falou da importância de Déda como amigo e enalteceu a força da primeira-dama, Eliane. "Déda deixa um vazio. Ele deixa um exemplo para seguir. Quero saudar o amor dele por Eliane, pelas filhas e pelos filhos, em especial Mateus", disse a presidente.
"Um grande homem, que tinha uma forte ética e perseguia a construção de um País melhor. Além disso, o Déda era um poeta e, como poeta, viveu o nosso País em todas as suas dimensões, com um grande sofrimento diante da desigualdade, mas, também, diante das interrogações que nós, homens e mulheres, temos diante da vida. Ele nos deu uma mensagem que nós carregamos para a vida, uma mensagem de que atravessar a vida com o espírito lutador, guerreiro, humanista e amigo do Déda e, ao mesmo tempo, com a imensa alegria que ele tinha, é algo que comoverá e deixará nos nossos corações um vazio, mas, ao mesmo tempo, nós temos o exemplo dele a seguir", disse.
A passagem da presidente em Sergipe foi rápida, de pouco mais de três horas. Ela participou da missa, estendeu a bandeira nacional no caixão do governador sergipano e saiu sem falar com a imprensa. O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, foi o porta-voz do Planalto. "Muito mais que um político, muito mais que um militante, Déda é uma personalidade nacional. Ele morre pobre, representando esse novo jeito de fazer política no País. Tudo para o povo e nada para si", destacou Carvalho.
A primeira-dama, Eliane Aquino, fez o discurso mais emocionado da noite e foi aplaudida pelos populares que acompanhavam a missa por telões espalhados ao redor do Palácio-Museu. "Gostaria de agradecer a população sergipana que fez uma corrente de oração, que eu sempre dizia que essa corrente segurava ele. Passamos um ano lutando contra um câncer com toda a esperança", afirmou.
Eliane Aquino ainda confidenciou uma das últimas conversas que teve com o marido, quando ele pensava no seu funeral. "Ele estava pensativo e eu perguntei por que, então ele me disse: estou pensando no meu funeral, quero que o meu povo me veja. Hoje, no cortejo, eu dizia 'Meu amor, aí está o seu povo'", completou Aquino, fazendo referência às milhares de pessoas que acompanharam a comitiva.
Após a missa e muito abalado, Lula falou com a imprensa sobre a perda de um grande amigo. "Acho que, além de o PT perder um líder extraordinário, Sergipe perde uma das grandes realidades políticas desse Estado e eu perco um compadre, um grande amigo", disse o ex-presidente, que é padrinho de Luísa, uma das filhas de Marcel Déda.
Lula falou com pesar da perda precoce do líder sergipano e das visitas que fez ao governador enquanto ele estava internado. "Déda é muito novo. Eu sonhava com ele no Senado Federal, para ocupar a vaga de um tribuno de envergadura que está em falta naquela casa. Déda fazia política 24 horas por dia, amava isso. Ele poderia viver mais uns 40 anos. Fiz questão de visitá-lo sempre. Ia quando ele estava fraquejando e lembrava que ele tinha que pensar na vida e lutar", afirmou.
O ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, falou sobre o falecimento de Marcelo Déda e o legado deixado pelo político. Dutra afirmou ter ficado emocionado com a recepção e comoção do povo sergipano, "Hoje, tivemos mais uma demonstração do carinho que o povo de Sergipe tem por Marcelo Déda. Ele lutou para conquistar uma sociedade melhor e deixa um legado muito importante, marcado pelo exemplo de ética e dedicação que ele era", explicou o petista.