O secretário de Cultura e Turismo do município de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha, é suspeito de inserir dados falsos na carteira de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Ele está entre os presos da operação Venire, da Polícia Federal.
Brecha teria acessado o sistema do ConectSus e inserido dados de vacinação no Estado do Rio de Janeiro em outubro de 2022, entre o primeiro e o segundo turno da eleição. Procurado pela reportagem antes de ser preso, Brecha disse que desconhecia qualquer procedimento envolvendo seu nome e que, se fosse notificado, apresentaria resposta às suas indagações. Disse ainda que não tinha "nenhuma relação com o ex-presidente ou com sua família".
Em fevereiro, o Estadão/Broadcast antecipou que a Controladoria-Geral da União (CGU) investigava se houve inserção de dados falsos no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro nos sistemas do Ministério da Saúde. A reportagem teve acesso a documentos trocados entre os dois órgãos que tratam da apuração.
As fraudes teriam sido feitas para facilitar a entrada de Bolsonaro nos Estados Unidos, caso fosse necessária, já que o País exigia comprovante de vacinação contra a covid-19.
Bolsonaro disse não ter se vacinado contra a covid-19 e impôs sigilo de um século sobre o documento e alegou privacidade. Durante a pandemia, ele questionou a eficácia da vacina inúmeras vezes e desestimulou a vacinação da população.
Em fevereiro, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, afirmou que existe no sistema do Ministério da Saúde um registro de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro contra covid-19 no dia 19 de julho de 2021 na UBS do Parque Peruche, em São Paulo.
Em entrevista à CNN na época, Carvalho confirmou que a CGU estava investigando se houve algum tipo de adulteração no cartão virtual de Bolsonaro, o que inclui verificar se o registro citado é verdadeiro ou não. Segundo o ministro, é preciso concluir a apuração sobre a possibilidade de adulteração do cartão de vacinação antes de decidir manter ou retirar o sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro sobre o cartão.