Cinco dias depois de anunciar a renúncia da vice-presidência da Câmara, o deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR) ainda não formalizou a decisão. Formalmente, o parlamentar suspeito de ligação com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, segue ocupando o segundo posto mais importante da Mesa Diretora.
A carta em que anunciava a decisão de renunciar à vice-presidência foi lida na última quarta-feira pelo líder do PT, deputado Vicentinho (SP), para jornalistas na Câmara. André Vargas publicou o texto em seu site, no qual afirmava sua vontade de se defender das acusações e preservar a imagem da Casa.
Depois do anúncio, o próprio presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), informou que convocaria eleições até o fim do mês para um novo vice-presidente da Casa. A escolha depende, no entanto, da formalização da decisão de Vargas junto à Secretaria-Geral da Mesa, o que ainda não aconteceu. Pelo critério de proporcionalidade, a vaga precisa ser ocupada por alguém do PT.
A assessoria do parlamentar não soube explicar por que a decisão não foi formalizada até agora. Os auxiliares do deputado foram informados que ele retornará à Câmara depois da Semana Santa, sem cumprir os 60 dias de licença não remunerada do mandato que havia solicitado.
Na última quarta-feira, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar abriu processo para investigar Vargas, que admitiu ter viajado com a família, nas férias, em um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, investigado pela Operação Lava Jato, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Mensagens interceptadas pela PF sugerem que o petista teria ajudado o doleiro a fechar um contrato da empresa Labogen com o Ministério da Saúde.
Amanhã, o relator do processo no Conselho, Júlio Delgado (PSB-MG), vai à Polícia Federal para pedir informações da investigação. Integrantes do PT também vão ouvir o parlamentar para decidir se criam uma Comissão de Ética para apurar a conduta do filiado.