A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou nesta quinta-feira a indicação de Nestor Forster para a embaixada brasileira nos Estados Unidos. Inicialmente reservado para o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o posto foi conferido a Forster, que já cumpria as funções de encarregado de negócios na embaixada em Washington.
O presidente e Eduardo abriram mão da indicação diante da polêmica causada pela escolha e em meio a uma crise no PSL, que culminou com a disputa pela liderança do partido na Câmara, hoje a cargo do filho de Bolsonaro. Pesou também na decisão a avaliação de que Eduardo poderia não ter os votos necessários para ter o nome aprovado.
Durante a sabatina na comissão, nesta quinta, Forster listou como desafios o aprofundamento da cooperação entre os dois países na área científica, tecnológica e espacial, no campo da defesa -- ele ressaltou a possibilidade de o Brasil tornar-se parceiro global da Otan -- e também na saúde, por meio do intercâmbio entre fundações como a Fiocruz.
Questões de interesse do setor privado, como a bitributação e a possibilidade de acordo comercial também foram citadas pelo indicado à embaixada, que ainda precisa ter seu nome submetido a votação no plenário do Senado.
"Nós temos aí nos Estados Unidos, neste ano, um calendário eleitoral, eles têm a eleição presidencial em novembro. Isto obviamente impõe certos constrangimentos do lado norte-americano com relação a um engajamento mais firme numa negociação comercial com um país das dimensões do Brasil", lembrou o diplomata.
"Eu defendo que nós não percamos esse tempo, que nós o utilizemos para buscar realizar aquilo que pode ser realizado num período mais curto", disse.
Para Foster, é preciso buscar a facilitação dos negócios e realizar um mapeamento do que pode ser negociado, de modo que quando a negociação começar "tenhamos um amplo quadro já traçado de setores nos quais podem ser oferecidas compensações, setores mais sensíveis politicamente que possam talvez compensar vantagens obtidas em outro, como ocorre em qualquer negociação comercial".
Forster aproveitou para afirmar que a visita de Bolsonaro aos EUA no ano passado foi "histórica" e produziu "resultados concretos". Ao referir-se especificamente às relações internacionais com o Parlamento americano, lembrou que há "grande preocupação" com o tema ambiental.
"E é preciso ter um diálogo aberto e franco com eles, explicar o que está acontecendo no Brasil e o que não está acontecendo, desfazer exageros e enfrentar os temas com realismo e determinação", defendeu.
"Causou muito boa impressão e o pessoal entendeu a mensagem passada de que o governo brasileiro continua plenamente comprometido com o desenvolvimento sustentável, mas isso tem duas pernas: tem a parte da sustentabilidade do meio ambiente, mas às vezes o foco é excessivo nesse lado e se esquecem de que também há o lado do desenvolvimento econômico. Esse é um binômio. E não é uma coisa ou outra, são as duas juntas, necessariamente."