O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), tentou uma manobra para garantir um voto a mais ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na sabatina que vai analisar a indicação do filho do presidente Jair Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil em Washington.
Trad consultou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre quem poderia ocupar a única cadeira vaga no colegiado de 19 senadores com um parlamentar indicado por ele ou pelo próprio Alcolumbre. O assento pertence ao bloco de oposição liderado pelo PT, mas está vago desde o início do ano.
Ao Estado, o senador afirmou que a consulta foi feita para evitar um possível impasse na votação da indicação. De acordo com Trad, hoje, a comissão tem 18 membros, e um empate no resultado poderia criar "problemas jurídicos" no processo de análise do nome de Eduardo.
Trad negou, contudo, que a consulta teve como objetivo ajudar a aprovar a indicação do filho do presidente. "Seria estranho se a gente ignorasse essa situação e o processo corresse e, no futuro, alguém questionasse. Estamos tomando todos os cuidados para evitar que a gente tenha questionamentos no futuro", afirmou o presidenta da CRE.
Em julho, o Estado mostrou que assim que Bolsonaro anunciou a possibilidade de indicar o filho ao posto diplomático mais importante do País no exterior, aliados do governo iniciaram conversar para preencher duas vagas em aberto na comissão. Na semana passada, uma das vagas em aberto foi preenchida pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) que, na avaliação de governista, é favorável à indicação de Eduardo.
De acordo com Trad, não está descartada a troca de membros para tentar uma sabatina - e uma votação - menos hostil ao nome do filho do presidente. "Não me surpreenderia. É normal, em matérias complexas, que líderes troquem nomes. Isso aconteceu na MP (Medida Provisória) da reforma administrativa, no caso Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira)", afirmou o senador.
EUA formalizaram aval para indicação de Eduardo Bolsonaro
Na última quinta-feira, 9, os Estados Unidos formalizaram o aval para a indicação de Eduardo Bolsonaro para ser o embaixador do Brasil em Washington. Agora, cabe ao governo brasileiro oficialização no diário oficial a escolha do filho do presidente para o posto diplomático.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, consultou o líder do bloco da oposição Resistência Democrática, senador Paulo Rocha (PT-PA), sobre a indicação. Rocha informou que a cadeira será preenchida.