Sergio Moro fala em 'crueldade' e se irrita com recurso de PL de Bolsonaro no TSE

O senador Sergio Moro (União-PR) afirmou, nesta segunda-feira (15), ter sido vítima de uma "crueldade" ao se referir às ações...

15 abr 2024 - 10h25

O senador Sergio Moro (União-PR) afirmou, nesta segunda-feira (15), ter sido vítima de uma "crueldade" ao se referir às ações do PT e do PL no bojo da acusação de abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2022. Em entrevista exclusiva à Banda B, Moro demonstrou irritação ao comentar a decisão do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná rejeitar, por 5 votos a 2, os processos que pedem a cassação do mandato dele.

Em conversa com os jornalistas Denise Mello e Karlos Kohlbach, durante o Jornal da Banda B - 1ª Edição, o senador destacou que a decisão dos juízes do TRE em rejeitar as ações que pediam sua cassação foi "técnica" e exemplar, embora houvesse o que ele chamou de "pressão política" em torno do julgamento. Além da acusação de abuso de poder econômico, o PT e PL apontaram para o uso indevido dos meios de comunicação.

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O senador Sergio Moro durante sessão da Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado, em março de 2023 –
O senador Sergio Moro durante sessão da Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado, em março de 2023 –
Foto: Ton Molina /Fotoarena/Folhapress / Banda B

"Para mim, esse aspecto das ações foi muito cruel… Os autores quererem cassar meu mandato alegando abuso, invocando essa questão dos gastos com a campanha. Fiquei um pouco surpreendido com essa movimentação do PL, principalmente de pessoas que perderam as eleições e não se conformam… Querem, de alguma maneira, ganhar no tapetão, o que é lamentável", afirmou o ex-juiz da Lava Jato, que também defendeu a regulação de uma legislação sobre os gastos no período pré-eleitoral.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já havia revelado a vontade de atender ao pedido de Bolsonaro para que a legenda não prosseguisse com a ação no TSE, segundo reportagem do jornal O Globo. O ex-mandatário garantiu, em outra ocasião, que o PL não iria recorrer da decisão do tribunal paranaense na instância jurídica máxima da Justiça Eleitoral brasileira. Apesar disso, a deliberação não foi favorável para o senador, que chegou a procurar interlocutores de Bolsonaro para cobrar uma posição.

"Nossa vontade é retirar o recurso, mas, caso o PL não recorra, terá que pagar a multa, está em contrato. Atualmente, o PL só conta com a verba do fundo partidário, estamos sem recursos próprios para pagar este valor desde 2023, quando fomos multados em R$ 22,9 milhões pelo ministro (do STF) Alexandre de Moraes", disse Valdemar Costa Neto ao O Globo.

Ao ser questionado sobre como está o relacionamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro atualmente, Sergio Moro — que foi ministro da Justiça — relembrou que ambos tiveram divergências durante o governo, mas preferiu deixá-las de lado devido a um "compromisso com os eleitores paranaenses". Ele abandonou o cargo de ministro em 2020, após acusar Bolsonaro de interferir na atuação da Polícia Federal (PF).

"Fui ministro e saí do governo. Mas, quando foi aquele momento do segundo turno em 2022, eu deixei essas divergências de lado e até tinha assumido um compromisso com os eleitores paranaenses em apoiar o presidente para reeleição. Eu não escondo que tive divergências com o presidente Bolsonaro", disse.

Sergio Moro ainda aguarda o possível recurso do PL e do PT prometido pelos advogados das siglas.

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