Simone Tebet: 'Perdi a eleição no Senado para o orçamento secreto. Eis a versão 2.2 do mensalão'

Pré-candidata do MDB à Presidência, senadora concorreu contra Pacheco, no ano passado, e diz que declarações de do Val só comprovam o que ela já sabia

8 jul 2022 - 08h41
(atualizado às 12h32)
Simone Tebet falou sobre denúncia do orçamento secreto
Simone Tebet falou sobre denúncia do orçamento secreto
Foto: Adriano Machado / Reuters

Após saber que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) recebeu R$ 50 milhões em emendas por ter apoiado a campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao comando do Senado, a pré-candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, disse que perdeu aquela disputa para o orçamento secreto.

Pacheco venceu a eleição, em 1.º de fevereiro do ano passado, com 57 votos. Tebet teve 21. Na ocasião, o governo do presidente Jair Bolsonaro negociou verbas para eleger o senador e também Arthur Lira (Progressistas-AL) à presidência da Câmara.

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'Perdi a eleição para o orçamento secreto. Eis a versão 2.2 do mensalão', disse Tebet. Foto: Adriano Machado/Reuters

Em entrevista ao Estadão, Marcos do Val admitiu ter sido contemplado com R$ 50 milhões em emendas parlamentares por ter dado apoio a Pacheco. Para ele, os recursos recebidos, por intermédio do senador Davi Alcolumbre (União-AP) - coordenador da campanha de Pacheco -, seriam uma forma de "gratidão" pelo voto.

"A declaração comprova o que já sabíamos, só não podíamos provar. O orçamento secreto comprou a eleição para a presidência do Senado. Perdi a eleição para o orçamento secreto. Eis a versão 2.2 do mensalão", afirmou Tebet, numa referência ao escândalo que marcou o PT e o primeiro governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A eleição de Pacheco, no ano passado, foi articulada por Alcolumbre, que era presidente do Senado. Na época, os senadores Lasier Martins (Pode-RS), Jorge Kajuru (Pode-GO) e Major Olímpio (PSL-SP), morto no ano passado, também se lançaram na disputa, mas abriram mão de suas respectivas candidaturas para apoiar Tebet e criticaram a operação política que favoreceu Pacheco.

Orçamento secreto:

    "Sempre fui contra o orçamento secreto, a começar que tudo que é secreto é reprovável e censurável. Em segundo lugar, o orçamento secreto foi discriminatório e correspondeu à compra de votos", disse Lasier Martins, após as declarações de Marcos do Val.

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    O relato de do Val expôs pela primeira vez como são feitos os acordos de bastidor em torno da divisão do orçamento secreto. A lei estabelece que a divisão dos recursos públicos deve ser igualitária e impessoal entre os congressistas. As emendas secretas somam R$ 16,5 bilhões neste ano e devem chegar a R$ 19 bilhões em 2023, dependendo da articulação da cúpula da Câmara e do Senado. O Congresso age para fixar esses recursos no Orçamento e obrigar o governo a transferir conforme a indicação dos parlamentares.

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