Bajulado por empresários em evento para a classe e para políticos na Ilha de Comandatuba, no sul da Bahia, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que não tem “compromisso com o conteúdo, e sim com a votação” do projeto que trata das terceirizações em atividades-fim, o PL 4330/2004.
O peemedebista rechaçou ter havido pressa para votação da proposta. “Erro foi ter levado tanto tempo para esse projeto ser votado – há 11 anos está lá”, definiu. “Estamos só há 11 anos atrasados”, ironizou.
Cunha arregimentou críticas de setores da sociedade civil, especialmente de movimentos sociais e centrais sindicais, pela agilidade com que votou o texto principal da matéria, há pouco menos de duas semanas. Segundo entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) – maior central sindical do País – e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que foram às ruas em São Paulo e em outras capitais contra o projeto, a iniciativa abre espaço para demissões de trabalhadores hoje contratados pelo regime da CLT e precariza as relações de trabalho.
Para o presidente do Congresso, o que existe “é um atraso de 11 anos” em se regularizar, em lei, a questão das terceirizações. Sobre as pressões de centrais e dos movimentos, ele as minimizou.
“Eles estão defendendo seus interesses, é normal, assim como há pressão do outro lado [a favor do projeto de lei]. O Congresso é palco de pressões, e os parlamentares estão lá para que exerçam seu voto”, disse.
Ao ser questionado se teria havido eventual falha de comunicação da Presidência da Câmara em informar os diferentes segmentos da sociedade sobre a matéria das terceirizações, Cunha encerrou: “Se você entende que houve falha porque não entendeu adequado, pode ser que sim [, houve falha]. Mas não me cabe como presidente da Câmara fazer a comunicação do projeto - aliás eu não tenho compromisso com o conteúdo do registrado, eu tenho compromisso é com a votação”, concluiu.
A previsão é que o projeto das terceirizações vá a segunda votação na próxima quarta-feira, para então ser encaminhado ao Senado. Semana passada, Cunha e a mulher participaram de um jantar privado com a presidente Dilma Rousseff (PT), em Brasília. Ele negou, no entanto, que tenha sido feito qualquer pedido da petista para retirada do projeto de pauta, ou mesmo adiamento da votação. "Nosso jantar foi um convívio social", encerrou.
* A repórter viajou a convite da organização do evento