O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), informou nesta quinta-feira que levará ao plenário da corte o recurso do presidente Jair Bolsonaro para evitar o depoimento presencial no inquérito sobre suposta interferência na Polícia Federal e que, com isso, terá que adiar a oitiva, marcada inicialmente para os dias 21, 22 e 23 deste mês.
"Como não sou adepto da autofagia não vou apreciar o ato do meu colega", disse o ministro à Reuters. "Como ombreamos, não ficamos naquela luta de gato e rato e levamos a questão ao pleno."
Pedido feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o presidente pudesse optar por depor por escrito no inquérito foi negado pelo relator do caso no Supremo, ministro Celso de Mello. No entanto, ele está em licença médica e impedido de decidir sobre o recurso, apresentado na quarta pela Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo a assessoria do STF, a responsabilidade recai sobre Marco Aurélio, por ser o segundo mais antigo, depois de Celso.
O ministro disse ainda que terá, então, que congelar o processo e suspender as datas do depoimento até que o plenário aprecie o recurso.
"Para levar a questão ao pleno, para que não haja perda de objeto do recurso do presidente, eu terei que congelar tudo, colocar tudo em stand by, para que se aguarde o crivo do plenário, já que a Polícia Federal designou os dias 21, 22 e 23 para ouvir o presidente", explicou.