STF, Queiroz e Weintraub: semana difícil para Bolsonaro

Semana teve sequência de reveses políticos para o presidente em meio à crise do coronavírus, que já infectou mais de 1 milhão de brasileiros

20 jun 2020 - 09h44
(atualizado às 10h08)

A semana marcou uma sequência de reveses políticos para o presidente Jair Bolsonaro em meio à crise do coronavírus, que já infectou mais de um milhão de brasileiros. Fora a pandemia, o presidente viu aliados e apoiadores na mira da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, e, após pressão, demitiu um de seus ministros mais influentes nas redes, Abraham Weintraub, da Educação, após desavenças com o STF.

Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto
17/06/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto 17/06/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"O presidente não parou. Segunda vez...", reclamou um apoiador do presidente em frente ao Palácio da Alvorada nesta sexta, 19, no local onde Bolsonaro tem o hábito de parar para conversar e tirar fotos com seus apoiadores. "É um momento difícil", disse o presidente, sem explicar contexto, no vídeo em que Weintraub anunciou sua saída, divulgado na quinta, 18.

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Relembre a sequência de reveses de Bolsonaro nesta semana

Segunda, 15 de junho - Sara Winter presa

A extremista bolsonarista Sara Geromini, conhecida como Sara Winter, líder do movimento conhecido como '300 do Brasil', é presa na segunda-feira, 15, durante uma operação da Polícia Federal em Brasília. Sara é alvo do inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Durante o fim de semana, o grupo de Sara esteve envolvido em uma série de atos contra o STF e o Congresso.

Na noite do sábado, pouco antes do fechamento da Esplanada dos Ministérios para veículos e pedestres, manifestantes do grupo simularam com fogos de artifício um ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os fogos foram disparados às 21h30 na direção do edifício principal do STF, na Praça dos Três Poderes, enquanto os manifestantes xingavam ministros da Suprema Corte.

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Terça, 16 de junho - Quebra de sigilo de aliados e mandados contra apoiadores

Também no inquérito dos atos antidemocráticos, uma operação da Polícia Federal cumpre a terça-feira, 16, 21 buscas em cinco Estados e no DF. Entre os alvos da operação estão o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) , o blogueiro Allan dos Santos, o empresário e advogado Luís Felipe Belmonte, principal operador político do Aliança pelo Brasil. Tanto na operação Lume quanto na destinada à prisão de Sara, o pedido partiu do próprio MPF.

Dez deputados e um senador, todos bolsonaristas, tiveram os sigilos bancários quebrados por determinação do ministro Alexandre de Moraes. São eles: deputados Daniel Silveira (PSL-RJ), Junio do Amaral (PSL-MG), Otoni de Paula (PSC-RJ), Caroline de Toni (PSL-SC), Carla Zambelli (PSL-SP), Alê Silva (PSL-MG), Bia Kicis (PSL-DF), General Girão (PSL-RN), José Guilherme Negrão Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR) e o senador Arolde de Oliveira (PSC-RJ).

Quarta, 17 de junho - Weintraub mantido no inquérito das fake news

Por 9 votos a 1, o STF rejeita habeas corpus e decide manter Weintraub na mira do inquérito das fake news. O HC também tinha como objetivo beneficiar outros investigados no inquérito das fake news - empresários, blogueiros e ativistas que foram alvo de ofensiva da Polícia Federal recentemente. A ação contesta a atuação do relator do caso, Alexandre de Moraes, que se declarou impedido de julgar no caso. Foi Moraes quem colocou Weintraub na lista de investigados do inquérito.

O próprio Planalto, por meio do ministro da Justiça, André Mendonça, enviou o habeas corpus ao Supremo. O pedido veio após Weintraub ter sido chamado a prestar esclarecimentos sobre as declarações contra o STF na reunião ministerial de 22 de abril, mas se estendia "a todos aqueles que tenham sido objeto de diligências" no âmbito das investigações. Na reunião, Weintraub disse: "Por mim botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF".

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Quinta, 18 de junho - Queiroz é preso em imóvel de Fred Wassef

Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, é preso na quinta-feira, 18, em Atibaia (SP). Queiroz - cujo paradeiro se tornou um mistério desde que o Estadão revelou em dezembro de 2018 que ele fez movimentações bancárias atípicas quando estava lotado no gabinete do então deputado estadual e filho do presidente Jair Bolsonaro - foi localizado pela Polícia Civil paulista em uma casa de Frederick Wassef, advogado de Flávio e amigo da família com trânsito liberado nos palácios e acesso direto ao chefe do Executivo.

Quinta, 18 de junho - Cai Weintraub

Pressionado a fazer um gesto de trégua ao Supremo, Bolsonaro confirma a demissão de Abraham Weintraub, o décimo ministro a cair desde o início do governo. A saída foi anunciada em um vídeo publicado em rede social em que os dois aparecem lado a lado e comunicam a exoneração. Weintraub ficou 14 meses no cargo, período no qual acumulou desavenças com reitores, estudantes, parlamentares, chineses, judeus e, mais recentemente, magistrados do STF.

O argumento dos que defendiam a demissão era de que ele se tornou um gerador de crises desnecessárias justamente no momento em que o presidente, pressionado por pedidos de impeachment, inquérito e ações que podem levar à cassação do mandato, tenta diminuir a tensão na Praça dos Três Poderes.

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Sexta, 19 de junho - Um milhão de casos do novo coronavírus

O Brasil supera nesta sexta-feira, 19, a marca oficial de 1 milhão de pessoas que já se infectaram com o novo coronavírus. Passados 114 dias desde o primeiro caso, hoje praticamente toda a população brasileira está em risco de exposição ao vírus. A covid-19 já chegou a 85% dos municípios do País (4.742), que respondem por 98% de toda a população, de acordo com levantamento do projeto de transparência de dados Brasil.io.

Desde 26 de fevereiro, o País já somou 1.038.568 contaminações e 49.090 mortes, conforme o levantamento do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde. Somente o Estado de São Paulo soma mais de 200 mil casos.

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