STF só libera delação a CPI após comprovação de denúncias

O ex-diretor Paulo Roberto Costa revelou um esquema de corrupção dentro da Petrobras, que envolveria deputados, senadores e governadores

23 set 2014 - 21h16
(atualizado às 21h55)
<p>Paulo Roberto Costa durante sessão da CPI da Petrobas, em 17 de setembro</p>
Paulo Roberto Costa durante sessão da CPI da Petrobas, em 17 de setembro
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e o ministro Teori Zavascki informaram nesta terça-feira a integrantes da CPI mista da Petrobras que só poderão liberar o conteúdo da delação premiada do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa ao Legislativo quando for realizada sua homologação na Corte.

Os magistrados deixaram claro que ainda é preciso comprovar se as denúncias de Costa, que está preso, estão ancoradas em provas. 

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“A delação premiada incide em outras etapas, como por exemplo se certificar que aquilo que ele está apontando como autor e se referindo a fato dito delituoso ele é comprovado. A delação premiada é o caminho da apuração, ela por si só não é prova, ela é o caminho”, disse o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), após reunião no STF.

O conteúdo da delação está em posse do Ministério Público Federal (MPF), responsável pelo acordo feito com o ex-diretor da Petrobras em troca da redução de pena. Segundo reportagem da revista Veja, Costa revelou um esquema de corrupção dentro da Petrobras, que envolveria deputados, senadores e governadores.

Entre os nomes citados, estariam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Todos negaram acusações.

Para ser validada a redução de pena, o acordo precisa ser homologado na Justiça. Como cita parlamentares, o caso vai para o Supremo. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que participou da reunião disse aos parlamentares que o processo de delação está em fase de finalização, mas não deu detalhes de quando entregará ao Supremo.

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Com prazo apertado, a CPI dificilmente terá acesso às informações de Costa até o fim dos trabalhos, previstos para dezembro. Também frustrará a tentativa da oposição de fazer uso político com o conteúdo.

Vital do Rêgo disse que a comissão não pode se tornar refém do processo de delação premiada e sugeriu alterar a legislação para facilitar o acesso do Legislativo a procedimentos como esse.

“Nós não podemos ficar reféns da delação premiada. Nós temos que aperfeiçoar a delação premiada. Achamos que nós, que elaboramos a lei, incorremos em alguns equívocos de não ter acesso ao sigilo e de guardar esse sigilo de matéria. Então tivemos o consenso entre nós que vamos aperfeiçoar rapidamente o processo de legislação premiada no Brasil”, disse.

Fonte: Terra
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