Em depoimento à Justiça de Curitiba, o advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de lavagem de dinheiro, entregou fotos e gravações que comprovariam a participação do ex-juiz da Operação Lava Jato e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) em um suposto crime de extorsão.
De acordo com o advogado, Moro lhe pediu U$ 5 milhões (aproximadamente R$ 15 milhões) para que não fosse preso. Todas as acusações seriam referentes ao ano de 2016, quando a Lava Jato deflagrou a 48ª fase da operação.
Ele alega ter pago cerca de U$ 613 mil (aproximadamente R$ 2,4 milhões) ao advogado Carlos Zucolotto Junior, ex-sócio de Rosângela Moro (União Brasil-SP) e amigo próximo de Moro.
Os pagamentos teriam como objetivo a obtenção de facilidades durante a Operação Lava Jato. Ainda de acordo com Duran, todo esquema teria o aval do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da força-tarefa da operação.
Em outro trecho do depoimento, Duran afirmou que se recusou a pagar o restante do valor e, por isso, ele teria sido preso por Moro em novembro de 2016, em Madrid, na Espanha.
Após a citação no depoimento, o juiz Eduardo Fernando Appio, da 13ª Vara Federal, interrompeu a sessão e remeteu o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro especial de Moro e Deltan. "Diante da notícia-crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o senador Sergio Moro [...] encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal", diz trecho do termo de audiência.
Duran, que foi advogado da empreiteira Odebrecht, é investigado na 48ª fase da Lava Jato sob a suspeita de lavagem de dinheiro. No início do mês, Appio revogou o mandado de prisão preventiva contra Duran, que havia sido decretado pelo ex-juiz Moro.
Fotos e gravações
Duran entregou à Justiça fotos e gravações que comprovariam as acusações feitas ao ex-juiz e senador Sergio Moro. Em seguida, o juiz Eduardo Appio determinou que o advogado fosse incluído em um programa de proteção a testemunhas do governo federal.
Quem é Rodrigo Tacla Duran ?
Tacla Duran é ex-advogado da Odebrecht. Ele é apontado como um dos responsáveis por manter recursos da empreiteira em paraísos fiscais no Caribe. O advogado, que hoje vive na Espanha, teria ajudado a lavar mais de R$50 milhões para a empresa.
Duran chegou a ser preso em 2016, em Madrid, quando foi alvo de uma das fases da Operação Lava Jato. Na ocasião, ele recorreu à Justiça do país europeu para permanecer na Espanha. Duran passou 3 meses preso e conseguiu liberdade provisória.
Quem é Eduardo Fernando Appio ?
Novo juiz da Lava Jato em Curitiba, Eduardo Fernando Appio assumiu a 13ª Vara Federal na capital do Paraná no dia 7 de fevereiro. Desde então, os processos da operação no estado são comandados pelo magistrado.
O que dizem Moro e Deltan
Em nota, Sergio Moro disse que Duran "tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22”.
Deltan Dallagnol também comentou o caso. Nas redes sociais, ele chamou Tacla Duran de “mentiroso compulsivo” e “criminoso confesso”. O deputado ainda classificou a acusação como mais uma “história falsa”.
Veja a postagem
Adivinha quem acreditou num dos acusados que + tentou enganar autoridades na Lava Jato? Ele mesmo, o juiz lulista e midiático Eduardo Appio (+ conhecido como LUL22), que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção. Segue o fio +
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) March 28, 2023