Tarcísio de Freitas admitiu estar “completamente errado” com relação às críticas que fez ao uso das câmeras corporais em agentes da Polícia Militar. A declaração foi dada em entrevista à CBN nesta quinta-feira, 5, em meio a casos recentes de violência policial no Estado. Além de avaliar que sua visão sobre o equipamento estava “equivocada”, o governador de São Paulo se comprometeu a ampliar e fortalecer o programa.
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“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Então eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive, que não tem nada a ver com a questão da segurança pública”, começou o governador, com relação à questão das câmeras corporais.
“Hoje eu estou absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial. E nós vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa. Eu admito, estava errado. Eu me enganei. Não tem problema nenhum de chegar aqui e dizer para vocês que eu me enganei, que eu estava errado, que eu tinha uma visão equivocada sobre a importância das câmaras”, complementou, sem citar detalhes com relação às novas metas.
O governador também disse que a série de abusos da Polícia Militar apontam algo de errado na corporação. “São coisas que chocam, acho que todo mundo choca, vocês chocam, a gente também. A gente fica extremamente chateado com isso, extremamente triste. Agora, o que nós temos que fazer? Olhar para frente e ver como é que a gente vai atuar para entender que essas coisas acontecem”, pontuou.
Essa foi a primeira vez que Tarcísio falou com a imprensa desde o caso do policial militar Luan Felipe Alves Pereira, que jogou um homem de uma ponte, na madrugada de segunda-feira, 2, durante uma abordagem. A situação foi gravada, teve ampla repercussão, e culminou na prisão do soldado nesta quinta. A medida atendeu a um pedido da Corregedoria da Polícia Militar.
Antes, no X, antigo Twitter, o político citou o caso ao dizer que um policial militar que "atira pelas costas" ou "joga uma pessoa da ponte" não está "à altura de usar essa farda”.
Mais sobre os casos de violência policial
Com relação ao caso da ponte, nas imagens que registraram a abordagem, três PMs estão em uma ponte no bairro Cidade Ademar, quando um quarto policial aparece trazendo um homem, que aparenta já estar contido pela abordagem dos profissionais. Em seguida, o policial pega o homem no colo e o joga pela ponte.
O soldado Luan Pereira, quem jogou o homem, foi detido na sede da Corregedoria após o Tribunal de Justiça Militar acatar o pedido de prisão enviado na quarta-feira, 4. Em seguida, ele deve ser encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte da capital paulista, após realizar exames no IML.
Já na terça-feira, dia 3, outro caso chocou. O de Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, que foi morto com 11 tiros nas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto, de 24 anos, em frente a um mercado na Zona Sul de São Paulo. Imagens mostram Gabriel tentando fugir de um estabelecimento com produtos de limpeza na mão.
Em seguida, ele é alvejado pelo PM, que estava de folga e fazia compras no local. Antes da repercussão do vídeo, Vinicius alegou legítima defesa. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmou que ele foi afastado e que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).