O presidente Michel Temer começou esta semana uma série de reuniões com os presidentes dos partidos e ministros que devem ser candidatos nas eleições de 2018 para adiantar a reforma ministerial mais abrangente inicialmente prevista para março, disse à Reuters uma fonte palaciana.
Entre os possíveis candidatos está o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que ainda analisa se poderá apresentar sua candidatura à Presidência pelo PSD, seu partido. Meirelles já afirmou mais de uma vez que, neste momento, não é candidato, e que tem até março para decidir.
No entanto, o ministro da Fazenda será um dos chamados para conversar com o presidente. De acordo com a fonte, Meirelles só sairá agora se confirmar que é candidato. "Se ele disser que 'não' agora, mas mudar de ideia em março, isso não temos como controlar", disse a fonte.
Temer tem enfatizado, no entanto, que mesmo com uma suposta saída do chefe da equipe econômica, a política do governo não muda.
Abril
O prazo de desincompatibilização de ministros que pretendem concorrer a cargo público em 2018 é o início de abril do ano que vem, e Temer planejava deixar a reforma para março. No entanto, a combinação da pressão do centrão --especialmente PP e PRB--, que quer os cargos pertencentes ao PSDB, e o pedido de demissão do ministro das Cidades, o tucano Bruno Araújo, precipitou a situação.
Para não fazer duas reformas, disse a fonte, o presidente teria decidido fazer todas as trocas necessárias nas próximas semanas.
Araújo pediu exoneração na segunda, logo depois de lançar, com Temer, o cartão reforma, principal programa da sua pasta, Alegou que não tinha mais apoio do partido para permanecer no governo.
Na primeira semana de dezembro, O PSDB se reúne para decidir, muito provavelmente, pelo desembarque do governo. Incomodado com os movimentos tucanos, Temer já havia decidido não ficar a reboque do PSDB, mas foi pego de surpresa pela decisão do ministro das Cidades.
O ministério é um dos mais cobiçados pelo centrão, por ter verbas e possibilidade de obras no próximo ano. O bloco cobra ainda a substituição do tucano Antonio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo e responsável pela articulação com o Congresso.
A tucana Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, também deve perder o cargo. Poderia restar no governo apenas o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, como cota pessoal de Temer, se o chanceler decidir não concorrer a senador novamente.