Temer diz que gravar presidente é gravíssimo e pedirá áudio

28 nov 2016 - 07h49
Os presidentes da República, Michel Temer; do Senado, Renan Calheiros; e da Câmara, Rodrigo Maia; durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto
Os presidentes da República, Michel Temer; do Senado, Renan Calheiros; e da Câmara, Rodrigo Maia; durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto
Foto: Agência Brasil

O presidente Michel Temer disse nesse domingo (27) que vai "exigir" que a suposta gravação feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero venha a público. Na conversa, segundo Calero, Temer e ele teriam falado sobre "um conflito entre órgãos da administração" no episódio envolvendo um impasse com Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberação de um empreendimento de interesse do agora também ex-ministro Geddel Vieira Lima.

"Ao que parece, ele [Calero] gravou a conversa. Com toda franqueza, acho que gravar clandestinamente é sempre algo desrazoável e gravíssimo. Se gravou, vou exigir que essa gravação venha à luz. Todos vocês sabem que sou cuidadoso com as palavras e que jamais diria algo inadequado", disse o presidente em entrevista coletiva convocada neste domingo para anunciar um acordo entre o Executivo e o Legislativo para impedir a anistia ao caixa dois eleitoral.

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Segundo Temer, o caso representa apenas "um conflito entre órgãos da administrarão" entre o Iphan da Bahia, que liberou o empreendimento, e o Iphan nacional, subordinado ao Ministério Cultura, e que não deu aval para o imóvel. "O ex-ministro [Marcelo Calero] me procurou na quarta-feira (23) à noite, durante o jantar com os senadores, dizendo que tinha um pedido [feito pelo Geddel] que seria difícil atender. Eu disse para fazer o que achasse melhor, e que se houve pleito, que visse o que seria melhor fazer", disse o presidente.

"Na quinta-feira (24), ele veio à tarde para falar comigo e me contou por inteiro o caso. Ele disse que não queria entrar na história. Eu disse que se ele não quisesse entrar na história, havia uma solução legal: a lei diz que quando há conflito de órgãos, pode-se ouvir a Advocacia-Geral da União, que fará avaliação daquele conflito. Logo depois ele disse que queria voltar a noite para falar comigo. Voltou às 21h com a mesma conversa, com o mesmo conteúdo. Parece que ele gravou mesmo", acrescentou.

Temer disse ter dado a Calero a garantia de que tomasse a decisão que considerasse correta, mas que, em seguida, recebeu dele o pedido de exoneração.

Saída de Geddel

O presidente disse que o caso acabou ganhando "dimensão extraordinária" e reconheceu que a demora entre a acusação de Calero e a saída de Geddel do governo não foi útil. "Se tivesse demorado menos seria melhor, mas também não causa prejuízos de grande monta."

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Temer disse que ainda não decidiu quem ocupará o cargo de Geddel, após o pedido de exoneração feito na sexta-feira (25). "Estou examinando com muito cuidado quem pode ir para a articulação política, na Secretaria de Governo. O perfil será de alguém com lisura absoluta na conduta e, por outro lado, com boa interlocução com o Congresso Nacional, de forma a manter bom contato e estabelecer um diálogo produtivo", disse o presidente.

Sobre o envolvimento do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, no episódio de suposto tráfico de influência de Geddel, Temer descartou qualquer hipótese de saída dele do governo. "O que o Padilha fez foi exatamente o que eu disse: fazer o que a lei determina e mandar ouvir a AGU, caso não quisesse despachar. Não há razão para qualquer medida dessa natureza."

Agência Brasil
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