O presidente do PSB, Carlos Siqueira, acusou nesta terça-feira o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de tentar cooptar deputados da bancada socialista para seus partidos, PMDB e DEM, em vez de trabalhar em favor da recuperação do país.
"Um presidente da República, e um que parece pretender ser presidente, em vez de discutir os graves problemas do país, capta deputados agindo cada um como chefes de partido", disse Siqueira à Reuters. "Isso sim eu acho grave, o momento para quem tivesse espírito público não comporta esse tipo de ação."
Ele afirmou que o ingresso ou a saída do partido é uma decisão intransferível de cada um, mas defendeu que é preciso que os filiados "se ajustem" às posições históricas do partido --como no caso da reforma trabalhista, que a cúpula orientou voto contra. Siqueira frisou, porém, que nos últimos meses conseguiu filiar cinco deputados federais.
Desde que veio à tona à delação da JBS implicando Temer há dois meses, a direção do partido decidiu romper com o governo. Contudo, um grupo de deputados e senadores do PSDB, juntamente com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, não seguiu a orientação partidária e continua a apoiar o governo.
Na votação da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o partido rachou: dois deputados do partido votaram a favor da autorização do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia sobre o presidente e outros dois, contra.
Siqueira afirmou esperar que, na votação do plenário, mais de 20 deputados dos 36 da bancada vote a favor do julgamento pelo STF. Ele deixou em aberto a possibilidade de deputados que apoiarem o governo nessa votação serem punidos.
"Vamos aguardar os acontecimentos, não vou falar sobre hipóteses. Mas a partir daí o PSB vai tomar uma posição", destacou.