Pressionado por partidos opositores e governistas, e alvo de protestos em ao menos 10 capitais brasileiras no último fim de semana, o presidente Michel Temer negou mais uma vez que renunciará ao cargo. "Se quiserem, me derrubem", disse o peemedebista em uma entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo".
Na reportagem veiculada nesta segunda-feira (22), Temer disse que não sabia que o dono da JB, Joesley Batista, era investigado na Lava Jato no momento em que sua conversa fora gravada com o empresário. "Eu nem sabia que ele estava sendo investigado. Ele disse, na fala comigo, que as pessoas estavam tentando apanhá-lo, investigá-lo", contou. "Fui ingênuo ao receber uma pessoa [Joesley] naquele momento".
Além disso, o presidente minimizou as denúncias de que teria ouvido uma série de crimes relatados por Joesley, como obstrução à Justiça, e não os teria reportado às autoridades. "Não dei a menor atenção a isso. [Ele] Joesley falou que tinha comprado dois juízes e um procurador. Conheço o Joesley de antes desse episódio. Sei que ele é um falastrão, uma pessoa que se jacta de eventuais influências. E logo depois ele diz que estava mentindo", ressaltou Temer, referindo ao diálogo gravado pelo dono da JBS no qual o presidente teria concordado com a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e compactuado com os crimes denunciados por Joesley.
Temer garantiu que o PSDB continuará ao seu lado na base governista até "31 de dezembro de 2018", quando termina seu mandato, e que, apesar dos protestos populares, conseguirá aprovar todas as reformas que estão na pauta do Congresso, como a previdenciária. "Eu vou relevar força política precisamente ao longo dessas próximas semanas com a votação de matérias importantes", disse Temer. "Tenho absoluta convicção de que consigo", assegurou.
O áudio da conversa entre Joesley e Temer foi homologado como parte da delação premiada dos executivos da JBS, um dos maiores frigoríficos do Brasil. O ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, abriu um inquérito para investigar Temer. No entanto, peritos afirmam que a gravação de áudio pode ser sido editada.