Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima: quem é o militar preso por pen drive com plano de golpe

Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército, foi preso no dia 19 pela PF e insistiu em ser detido de farda

29 nov 2024 - 18h16
(atualizado às 18h59)
Tenete-coronel Hélio Ferreira Lima monitorou Alexandre de Moraes para executar ou prendê-lo, segundo PF
Tenete-coronel Hélio Ferreira Lima monitorou Alexandre de Moraes para executar ou prendê-lo, segundo PF
Foto: Reprodução

Preso na semana passada pela Polícia Federal, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, de 46 anos, é apontado como um dos protagonistas em um esquema que visava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder por meio de um golpe de Estado.

Lima, que integrava a elite do Exército Brasileiro, os chamados "kids pretos", acumulava uma trajetória de destaque em operações especiais e segurança, antes de ser implicado no caso.

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Formação de elite

Graduado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Lima construiu uma carreira pautada por especializações em segurança e defesa. Ele possui um MBA em Segurança pela Faculdade Unyleya, além de uma especialização pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Sua experiência internacional inclui treinamentos na França e na Colômbia, voltados para segurança de autoridades e forças especiais.

Lima também liderou a 3ª Companhia de Forças Especiais, conhecida como Força 3, unidade baseada na Amazônia especializada em operações de guerra irregular, reconhecimento especial e ações diretas. Durante seu comando, entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, ele participou de missões estratégicas, mas foi exonerado após ser alvo de uma operação da PF que investigava reuniões golpistas de militares ligados ao ex-presidente.

Além de sua trajetória no Exército, Lima atuava no setor privado como diretor-executivo da Extreme Adventures and Training LTDA, empresa especializada em treinamentos táticos. Ele também era instrutor em programas organizados pelo Ministério da Defesa.

Envolvimento em planos golpistas

Um pen drive obtido pela Polícia Federal em posse de Lima possuía documentos que detalhavam planos de ruptura democrática. Os arquivos, intitulados Operação Luneta e Operação Pacificação Nacional, descreviam ações para anular as eleições de 2022, prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e mobilizar as Forças Armadas para consolidar o controle do governo após o golpe.

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Uma das reuniões mais importantes desse processo ocorreu em 12 de novembro de 2022, na residência do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Jair Bolsonaro. Nesse encontro, Hélio Ferreira Lima, junto a outros militares, discutiu o planejamento do golpe que visava anular a vitória de Lula e reverter o resultado das urnas.

O relatório da PF revela que Lima foi uma figura chave na articulação desse plano, propondo ações concretas para garantir a permanência de Bolsonaro no poder e a deslegitimação da vitória eleitoral. O objetivo do plano era criar um ambiente de crise política que facilitasse a intervenção militar e permitisse o controle do poder pelos golpistas.

Um dos aspectos mais graves do envolvimento de Lima foi a tentativa de monitoramento de figuras do novo governo, em especial o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes. 

Lima, acompanhado pelo militar Rafael de Oliveira, viajou para Goiânia e Brasília com o objetivo de coletar informações sobre os movimentos de Moraes, bem como da equipe do governo eleito. A PF confirmou essas ações por meio do rastreamento de celulares e veículos alugados pelos envolvidos, o que comprovou que Lima e seus aliados estavam ativamente perseguindo o ministro do STF.

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A intenção era realizar a prisão ou execução de Alexandre de Moraes, para neutralizá-lo, o que representaria uma violação da ordem constitucional e da independência do Judiciário. Em 12 de dezembro de 2022, Lima e Rafael de Oliveira estavam nas proximidades do Parque da Cidade, em Brasília, onde se encontrava Moraes, prontos para executar a prisão do ministro. 

O relatório da PF conclui que Hélio Ferreira Lima, juntamente com outros 36 indivíduos, foi responsável por articular e executar ações golpistas. A investigação, que agora está sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF), foi encaminhada à Procuradoria Geral da República (PGR), que avaliará os indícios e decidirá sobre o futuro dos indiciados.

Fonte: Redação Terra
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