Torres chega ao País e é preso em Brasília; aliado de Bolsonaro é alvo por conivência com golpistas

Ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança do DF é alvo de investigação sobre a atuação das forças de segurança durante a invasão das sedes dos três Poderes

14 jan 2023 - 07h34
(atualizado às 07h35)
Anderson Torres embarca em voo para o Brasil
Anderson Torres embarca em voo para o Brasil
Foto: Twitter

O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres foi preso pela Polícia Federal neste sábado, 14, ao desembarcar no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Ele estava na Flórida, nos Estados Unidos, quando teve a prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Torres é alvo de investigação sobre a atuação das forças de segurança durante a invasão das sedes dos três Poderes, em Brasília - ele havia assumido a secretaria do DF no dia 2 e, logo em seguida, saiu de férias. No domingo, 8, apoiadores radicais de Bolsonaro marcharam do Quartel-General do Exército até a Esplanada, furaram, sem resistência da PM, um bloqueio e invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo.

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O ex-ministro chegou à capital federal no voo 7749, da Gol. Ele embarcou na noite desta sexta-feira, 13, no aeroporto de Miami.

Ao mandar prender Torres e também o ex-comandante da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira, Moraes disse ver "fortes indícios" de que eles foram "coniventes" com os atos golpistas em Brasília. Vieira foi preso na terça-feira, 10, na capital federal. O governador Ibaneis Rocha (MDB) foi, ainda, afastado do cargo, por 90 dias, em decisão de Moraes já chancelada pela na Corte.

Em uma rede social, quando ainda estava nos EUA, Torres havia dito que retornaria ao Brasil para se entregar à Justiça e preparar sua defesa. Ele negou que tenha sido conivente com os atos em Brasília.

Na terça-feira, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Torres. Durante a ação, foi encontrada uma minuta de decreto presidencial de estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo, de acordo com o rascunho, era reverter o resultado da eleição em que Bolsonaro foi derrotado pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Também nas redes sociais, Torres disse que a minuta apreendida pela PF "muito provavelmente" estava em uma pilha de documentos para descarte. Segundo ele, o material foi "vazado fora de contexto".

Em entrevista nesta sexta-feira, 13, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que ainda não há elementos para investigar Bolsonaro no caso da minuta encontrada na casa de Torres, mas disse que a apreensão do documento "já é um fato relevante".

"É claro que isso constará do inquérito policial, porque configura ainda mais cabalmente que existe uma cadeia de responsáveis pelos eventos", afirmou. Durante a entrevista, Dino havia dito que pediria a extradição de Torres se o ex-ministro não retornasse ao Brasil.

Também nesta sexta, Moraes incluiu Jair Bolsonaro na investigação sobre os atos golpistas. O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República. O requerimento foi apresentado na apuração sobre a autoria intelectual dos protestos violentos de domingo.

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No mesmo dia, o ministro também acatou outro pleito da PGR e determinou a abertura de inquérito para apurar supostas "condutas omissivas e comissivas" de Ibaneis, Torres, Vieira e do ex-secretário interino da pasta Fernando Oliveira.

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