A mais alta corte da Tunísia ordenou neste sábado que a comissão eleitoral reintegre dois candidatos para a eleição presidencial de outubro, alertando que, se isso não for feito, a legitimidade do pleito poderá ser comprometida.
A decisão da Corte Administrativa foi tomada em meio a tensões políticas cada vez maiores no país do norte da África. A oposição e grupos da sociedade civil temem uma eleição fraudulenta que possa levar o presidente KaÏs Saïed a um segundo mandato.
Milhares de tunisianos foram às ruas na sexta-feira, na maior marcha do país em dois anos, para protestar contra restrições às liberdades e um clima eleitoral não democrático.
Os manifestantes cantaram slogans como "Fora com o ditador Saïed".
As tensões aumentaram depois que a comissão eleitoral, no início deste mês, rejeitou a decisão do tribunal no começo deste mês de restaurar as candidaturas de Abdellaif Mekki, Mondher Znaidi e Imed Daimi para a eleição de 6 de outubro, citando supostas irregularidades em seus registros de candidatura.
Grandes partidos e grupos da sociedade civil disseram que a comissão, cujos membros foram nomeados pelo próprio presidente, havia se tornado uma ferramenta nas mãos de Saïed contra seus adversários.
O chefe da comissão, Farouk Bouasker, negou as acusações e disse que "a comissão é o único órgão constitucional encarregado da integridade da eleição".
Mas o Tribunal afirmou neste sábado que a comissão é obrigada a implementar sua decisão e, se necessário, revisar o calendário eleitoral. Não ficou claro se isso significa adiar a eleição ou estender o prazo de campanha.