Um dia após Renan Calheiros (MDB-AL) fazer a leitura do relatório final dos trabalhos da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma série de ataques ao senador durante um evento em São José de Piranhas, na Paraíba, nesta quinta-feira, 21.
Bolsonaro iniciou o ataque pedindo uma comparação entre os ministros de seu governo com outros que já ocuparam o cargo no passado. "A maioria foi para a cadeia", afirmou. "E tem gente querendo que esses ladrões voltem a comandar o Brasil".
Nesse momento, o presidente citou a CPI e fez críticas a Renan. "Eu passo 24 horas do dia sendo atacado. Onde foi que eu errei? Relatório da CPI comandado por Renan Calheiros?", questionou Bolsonaro, que ouviu gritos de "vagabundo" da plateia. "Não chamem o Renan de vagabundo, não. Vagabundo é elogio para ele. Não há uma maracutaia lá em Brasília que não tenha o nome do Renan envolvido".
Jair Bolsonaro ainda fez menção ao senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que disputou a presidência do Senado contra Renan Calheiros em 2019. "Imaginem o Renan Calheiros presidente do Senado, que desgraça ele traria para o Brasil, dado o que ele ia exigir para aprovar qualquer coisa naquela Casa", acrescentou, sem entrar em detalhes sobre quais seriam essas exigências.
Mesmo diante das recentes tensões com Alcolumbre, que preside a CCJ no Senado e tem atrasado o agendamento de uma data para a sabatina de André Mendonça - indicado de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal - o presidente fez elogios ao senador nesta quinta-feira.
"Nunca tive problemas no Senado [com o Alcolumbre]; tudo o que precisamos, aprovamos lá. Agradeço o Davi nesses dois anos [em que ele esteve] a frente do Senado, senão seria o Renan Calheiros [na presidência] que, apesar de nordestino, nunca fez nada nem pelo Estado dele, Alagoas, quem dirá para o Brasil".
O relatório final da CPI da Covid foi lido e apresentado aos senadores na quarta-feira, 20. O documento traz uma série de acusações contra Bolsonaro, como crimes comuns, crimes de responsabilidade e até crimes contra a humanidade (que pode levar a um julgamento no Tribunal Penal Internacional, em Haia), além de também pedir indiciamento dos filhos de Bolsonaro, ministros e aliados políticos por diversos crimes na atuação do governo no combate à pandemia.