Fábio Wajngarten, ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações e atualmente assessor de Jair Bolsonaro (PL), evitou especular como o ex-presidente entrou nos Estados Unidos, em dezembro do ano passado. Durante entrevista coletiva concedida no início da tarde desta quarta-feira, 3, ele colocou em dúvida se o político apresentou carteira de vacinação à época.
"Ainda vamos apurar se ele apresentou carteira de vacinação, mas acho que ele entra [à época nos EUA] com o visto como presidente da República", disse Wajngarten, em referência ao passaporte diplomático garantido aos chefes de Estado.
O ex-secretário também afirmou que a defesa foi "pega de surpresa" com a Operação Venire, que investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. E afirmou que todos os investigados "foram muito bem tratados pela equipe da Polícia Federal".
"O Brasil inteiro conhece a posição do presidente quanto à vacina. A vacina é uma decisão de cunho pessoal, cabe a cada um decidir se vai tomar a vacina ou não", destacou à imprensa.
Segundo Wajngarten, a defesa agora aguarda o despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para conseguir ter acesso aos autos.
"A defesa do presidente Bolsonaro aqui se encontra, ainda não teve acesso aos autos, nem mesmo no que se diz respeito aos outros investigados. O presidente virá depor tão logo tenha acesso aos autos, fato esse que ainda não se consumou", disse ele sobre a defesa pedir à Polícia Federal (PF) o adiamento do depoimento que seria prestado pelo ex-presidente às 10h desta quarta-feira, 3.
Entenda a operação da PF contra Bolsonaro
A Operação Venire investiga supostas fraudes em carteiras de vacinação contra a covid-19. Nesta quarta, a Polícia Federal prendeu Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, os seguranças de ex-presidente, Max Guilherme e Sergio Cordeiro, além de João Carlos de Souza Brecha, secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ).
Também foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão. Entre os endereços alvo, está o do ex-chefe do Executivo. No local, a PF apreendeu os celulares dele e da ex-primeira-dama, Michelle. Os celulares deles foram confiscados pelos agentes.
A investigação apura a falsificação de dados das seguintes carteiras de vacinação:
• Jair Bolsonaro;
• Laura Bolsonaro, filha do ex-presidente;
• Mauro Cid, além da mulher e filha dele.
A operação é deflagrada em Brasília e no Rio de Janeiro. Conforme a PF, os dados falsos foram supostamente inseridos, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde. O objetivo era burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelo Brasil e Estados Unidos.
Caso sejam confirmadas as suspeitas, os envolvidos podem responder por:
• crimes de infração de medida sanitária preventiva;
• associação criminosa;
• inserção de dados falsos em sistemas de informação;
• corrupção de menores.