Depois de tentar adiar os trabalhos no Conselho de Ética, o deputado André Vargas (sem partido-PR) abandonou a sessão desta terça-feira sem se defender do processo que enfrenta e afirmou que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ou ao Supremo Tribunal Federal para reivindicar mais prazo. Vargas alega nega que tenha quebrado decoro por sua relação com o doleiro Alberto Youssef e acusa o relator Júlio Delgado de fazer um julgamento apressado e atropelado o direito de defesa.
Vargas foi pela primeira vez ao Conselho de Ética nesta terça-feira e pediu a suspeição do relator, que foi negado pelo colegiado. Segundo o parlamentar, Júlio Delgado fez um julgamento antecipado de seu caso e dificultou o acesso da defesa a documentos que estavam em poder do colegiado. A documentação foi liberada após decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, mas os advogados do ex-vice-presidente da Câmara passaram a reclamar do prazo para análise. "O relator foi absolutamente parcial e atropelou nosso direito de defesa", disse.
“Eu não posso compactuar com a nulidade dessa forma. Não houve quebra de decoro, todas as testemunhas corroboraram minha tese, nenhuma fortaleceu a tese da acusação e o relator antecipou seu voto. Vamos buscar os nossos direitos seja na CCJ, seja no STF, para garantir o mínimo processo legal. Não se pode ter um pré-julgamento, um julgamento açodado, uma falta de acesso a documentos, uma pressa desnecessária”, afirmou o deputado, na saída da sessão.
Durante a discussão do pedido de suspeição do relator, o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) pediu vista para analisar melhor o caso, o que foi negado pelo presidente do colegiado, Ricardo Izar (PSD-SP). Vargas se esforçou na tentativa de garantir a suspensão dos trabalhos, mas não foi atendido.
Diante da iminente leitura do relatório de Delgado, Vargas se levantou e se retirou da sala da reunião. O investigado foi convidado para falar, mas declinou ao dizer não ter sido chamado formalmente para depor. Na saída, reclamou que quatro testemunhas de defesa estavam prontas para depor, mas o prazo para oitivas acabou na semana passada.
Com o início das votações no plenário da Câmara, Júlio Delgado precisou suspender a leitura de seu voto. O Conselho de Ética pretende continuar os trabalhos ainda nesta noite.