Vazamento de delação da UTC é seletivo, diz ministro

Edinho Silva disse que a empreiteira fez doações a outras campanhas, não só a de Dilma Rousseff

27 jun 2015 - 15h18
(atualizado às 15h21)
Ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva
Ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, disse neste sábado que está havendo um “vazamento seletivo” das informações da delação premiada do ex-presidente da empreiteira UTC Ricardo Pessoa, assinada com o Supremo Tribunal Federal (STF).

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Em coletiva à imprensa no início da tarde deste sábado, Edinho disse que a UTC é historicamente conhecida por fazer doações em campanhas eleitorais a diversos partidos e se mostrou indignado por apenas os repasses feitos ao PT serem alvo de suspeita. “As doações são públicas – estão lá no Tribunal Superior Eleitoral. A UTC não fez doações apenas para a campanha da presidente Dilma e me estranha que as suspeitas sejam colocadas apenas sobre as doações legais da presidente”, destacou.

De acordo com reportagens divulgadas na quinta-feira pela revista Veja, Pessoa teria citado, na delação, o nome de 18 pessoas que receberam contribuições dele. Segundo o delator, os repasses, alguns oficiais outros não, foram feitos por receio de perder seus negócios relativos à Petrobras. Na delação, o empreiteiro diz que repassou R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma de 2014.

Entre os que receberam dinheiro, foram citados o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e o da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Edinho, que atuou como tesoureiro da campanha da presidenta Dilma Rousseff em 2014, confirmou que recebeu R$ 7,5 milhões da UTC, mas ressaltou que em doações lícitas, conforme prevê a legislação.

O ministro disse que está constituindo advogado para ter acesso ao documento e que, se as informações da imprensa se confirmarem, ele pedirá para ser ouvido no processo. O ministro acrescentou que pedirá a anulação dos benefícios da delação premiada, caso haja informações falsas.

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O Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, que também participou da coletiva, esclareceu que o governo não teve acesso ao conteúdo da delação premiada, mas de acordo com o que ele está acompanhando pela imprensa, os valores se tratam das doações legais. “É importante frisar que essa delação está em sigilo legal e que, portanto, o Ministério da Justiça não tem acesso, razão pela qual de imediato nós não podemos afirmar a veracidade que se consta ou não dessa delação premiada”, disse Cardozo, acrescentando que as informações que tem são as da imprensa.

Cardozo ainda destacou que a delação premiada deve ser muito bem analisada, já que um instrumento que traz benefícios ao réu e pode ser usado de forma inadequada. "Temos que entender o contexto em que a delação premiada é feita. É um contexto em que a pessoa quer obter benefícios”, disse. “Pode ser seletiva também nas informações que presta. Isso tem que ser apurado e investigado". Os dois ministros estiveram reunidos na manhã deste sábado com a presidenta Dilma Rousseff para discutir o conteúdo das informações da delação. A presidenta embarcou, em seguida, para os Estados Unidos.

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, confirmou que recebeu dois pagamentos de R$ 250 mil, da UTC e da Constran, para sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010. Disse, no entanto, que os valores foram recebidos de forma legal e declarados à Justiça Eleitoral, que aprovou a prestação de contas. A direção do PT também reafirmou que todas as doações recebidas pelo partido são legais e registradas na Justiça Eleitoral.

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Agência Brasil
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