Veja quem são os ministros do novo governo Lula

Wellington Dias, Geraldo Alckmin, Nísia Trindade Lima, Anielle Franco e Luciana Santos foram confirmados nesta quinta; confira os nomes que compõem a Esplanada

22 dez 2022 - 12h01
(atualizado às 12h53)
Lula anunciou 16 novos ministros para o futuro governo
Lula anunciou 16 novos ministros para o futuro governo
Foto: Ton Molina/FotoArena / Estadão

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quinta-feira, 22, 16 nomes que vão compor a Esplanada dos Ministérios no próximo governo. Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Nísia Trindade Lima (Saúde), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) se juntam a outros futuros ministros confirmados anteriormente, como Fernando Haddad (Fazenda), Flávio Dino (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil).

A estrutura do novo governo petista incluirá 37 pastas. O ministério da Economia, por exemplo, foi dividido em quatro. Além de Haddad, na Fazenda, a economista Esther Dweck assumirá a pasta de Gestão; o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) comandará Indústria e Comércio. Planejamento ainda não tem nome confirmado.

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Wellington Dias

Wellington Dias (PT) governou o Piauí por quatro mandatos e se elegeu senador neste ano. Ele foi cogitado para a pasta do Planejamento, mas acabou vencendo a disputa com a senadora Simone Tebet pelo Desenvolvimento Social.

Durante a transição, o ex-governador comandou as negociações do Orçamento de 2023. Dias foi encarregado de apresentar a Lula propostas protocoladas no Senado para tirar o Bolsa Família do teto de gastos, O programa de auxílio, uma vitrine do governo Lula, é gerido pela pasta que ficará sob o comando do senador eleito. Por isso, o PT não quis abrir mão da pasta em favor de Tebet, que reivindicava um cargo na área.

Anielle Franco

Anielle Franco, futura ministra de Igualdade Racial.
Foto: Iara Morselli/ESTADÃO / Estadão

A ativista Anielle Franco comandará a pasta da Igualdade Racial. Ela é irmã da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018, e dirige o Instituto Marielle Franco. Ela integrou o grupo temático de Mulheres na transição e demonstrava interesse em comandar essa área no ano que vem.

Anielle desbancou o sociólogo petista Marvs Chagas, que é secretário de Planejamento do território e Participação Popular da Prefeitura de Juiz de Fora (MG). Ela passou a contar mais recentemente com o apoio de setores dos movimentos antirracistas, como a Coalizão Negra por Direitos. No arranjo político para ocupar a pasta, a ativista deve ter Martvs como secretário de Promoção da Igualdade Racial, na SEPPIR. A equipe de Anielle deve contar ainda com Douglas Belchior (PT) na presidência da Fundação Palmares. Ele foi candidato a deputado federal por São Paulo e presidente da ONG de educação popular Uneafro.

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Geraldo Alckmin

Coordenador geral da transição de governo, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin pediu que processo do Sebrae fosse adiado para fevereiro de 2023, para que ocorresse durante o governo Lula
Foto: Felipe Rau/ESTADÃO / Estadão

Vice-presidente eleito, o ex-governador de São Paulo comandará a pasta de Indústria e Comércio. Estudioso de assuntos como reforma tributária, Alckmin tem bom trânsito no setor produtivo e, na avaliação de Lula, pode atuar como um facilitador do diálogo do governo com o mundo industrial. Desde que saiu do PSDB e aceitou ser vice de Lula, filiando-se ao PSB, Alckmin tem feito reuniões com empresários e especialistas em orçamento. Munido de um caderno universitário, o ex-tucano sempre anota as respostas às suas indagações sobre os problemas do País.

Quadro histórico do PSDB, o médico tornou-se companheiro de chapa de Lula após passarem boa parte dos últimos quase 30 anos em lados opostos do tabuleiro político. A última vez que Alckmin rivalizou com o Partido dos Trabalhadores foi nas eleições passadas, em 2018, quando disputou a Presidência e ficou em quarto lugar.

Márcio França

O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) vai assumir o ministério dos Portos e Aeroportos. Ele é ligado a Alckmin e foi uma das pontes para aliança entre o ex-tucano e Lula. Após meses de resistência, cedeu a candidatura ao governo paulista a Haddad e lançou-se ao Senado em chapa com o petista. Os dois saíram derrotados.

Tem 59 anos e é advogado formado pela Universidade Católica de Santos. Ocupou o cargo de secretário de Turismo de São Paulo. Foi governador de 2018 até 2019, após ser eleito vice na chapa de Alckmin. França também foi prefeito de São Vicente por dois mandatos e deputado federal.

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Silvio Almeida

O jurista e filósofo Silvio Almeida será ministro dos Direitos Humanos. Descrito por acadêmicos como um dos maiores intelectuais brasileiros da sua geração, ele terá o desafio de conciliar uma pauta de governo que foi alvo de denúncias por ONGs durante os quatro anos de Jair Bolsonaro no Executivo.

Notado por um grande trabalho na luta antirracista, Almeida é autor do livro Racismo Estrutural (Pólen, 256 páginas), publicado em 2019. É doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), presidente do Instituto Luiz Gama e do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE).

Márcio Macêdo

O deputado Márcio Macêdo (SE), que foi tesoureiro da campanha presidencial e é um dos vice-presidentes do PT, ficará com a Secretaria-Geral da Presidência. Com essa configuração, o 'núcleo duro' do governo Lula 3, composto pela chamada "cozinha" do Planalto e pelo Ministério da Fazenda - cadeira para a qual irá o ex-prefeito Fernando Haddad - ficará nas mãos do PT.

Fernando Haddad

Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda de Lula
Foto: Wilton Junior/Estadão - 28/11/2022 / Estadão

Ex-ministro da Educação (2005 a 2012) e ex-prefeito de São Paulo (2013 a 2016), Haddad é advogado e professor. Ficou em segundo lugar na disputa pelo governo de São Paulo nas eleições deste ano, pelo Partido dos Trabalhadores.

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Sua escolha para o cargo seguiu o script desenhado na campanha eleitoral, de que o ministro da Fazenda de Lula 3 seria um político, como foi com Antônio Palocci no seu primeiro mandato, há 20 anos. A indicação também revela o desejo de Lula de ter no comando da economia um nome com quem tenha proximidade, a despeito de fogo amigo dentro do PT enfrentado pelo futuro ministro desde sua campanha à Prefeitura. Uma das principais lideranças do Partido dos Trabalhadores, Haddad é o candidato natural à sucessão de Lula nas eleições de 2026.

Rui Costa

Rui Costa (PT-BA) foi anunciado como futuro ministro-chefe da Casa Civil.
Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO / Estadão

Economista, Rui Costa está no segundo mandato como governador da Bahia. Considerado dedicado e bom gestor, o chefe do Executivo baiano abriu mão de concorrer ao Senado para compor com aliados na Bahia e eleger seu sucessor, Jerônimo Rodrigues. Aliados e assessores descrevem Rui como uma figura muito hábil em construir parcerias com prefeitos baianos, o que lhe rendeu grande popularidade no interior.

Aos 59 anos, Rui Costa é formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e começou a carreira política no Polo Petroquímico de Camaçari. Dirigiu o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica (Sindiquímica) e ajudou a fundar o PT na Bahia ainda na década de 1980. O governador baiano também já foi vereador de Salvador (2000 e 2004), secretário de Relações Institucionais da Bahia e deputado federal pela Bahia pelo PT.

José Múcio Monteiro

Ex-deputado e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Múcio foi um dos nomes do primeiro escalão antecipados por Lula. Ele assumirá a Defesa. Experiente parlamentar, amigo do petista e ex-articulador político no Palácio do Planalto, Múcio será o elo direto com as Forças Armadas e trabalhará para minar a resistência a Lula nas cúpulas militares e mudar o tratamento a comportamentos partidários.

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Múcio, que se diz um "construtor de pontes", já começou a agir antes mesmo da indicação. Em contato com Lula, participou da escolha nesta quinta-feira, dia 8, dos próximos comandantes-gerais das três Forças. Os escolhidos foram o general Júlio César Arruda (Exército), o almirante Marcos Olsen (Marinha), e o brigadeiro Marcelo Damasceno (Aeronáutica). Os altos comandos das três Forças foram informados extraoficialmente.

Flávio Dino

Senador eleito no Maranhão com mais de 2,1 milhões de votos, Flávio Dino terá como objetivo à frente da Justiça o que ele e petistas classificam como "desbolsonarizar" a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Além disso, em outro foco de ação, Dino pretende revogar decretos de armas assinados pelo atual governo.

Anos 54 anos, o governador tem experiência de atuação nos três Poderes da República: Legislativo, Executivo e Judiciário. Filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Dino foi deputado federal pelo Maranhão entre 2007 e 2010, também atuou como presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), durante o primeiro governo Dilma Rousseff (PT) e foi governador do Maranhão por dois mandatos consecutivos (2014-2022).

Mauro Vieira

Diplomata e embaixador do Brasil na Croácia, Vieira é formado em Direito e ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1973. Possui bom trânsito político e convivência com parlamentares influentes no Congresso Nacional. Previamente, desempenhou as funções de introdutor e chefe de gabinete de Amorim. Nos governos do PT, ocupou as duas embaixadas mais prestigiadas, a de Buenos Aires (2004-2010) e a de Washington (2010-2014), até assumir o cargo de ministro das Relações Exteriores, em 2015, pela primeira vez, no governo Dilma Rousseff.

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Aos 71 anos, Vieira retornará ao comando do Itamaraty com a missão recuperar a imagem do País no exterior, concluir negociações de acordos em andamento, como entre Mercosul e União Europeia, e retomar posições tradicionais da política externa brasileira, a exemplo do protagonismo na diplomacia verde.

Margareth Menezes

Margareth Menezes chefiará pasta da Cultura.
Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO / Estadão

Cantora e compositora nascida em Salvador, Margareth Menezes tem 60 anos e é considerada um ícone do carnaval baiano e do samba. Ela foi convidada pelo governo eleito para o cargo com a missão de resgatar ações em uma área deixada de lado pelo governo Bolsonaro. Depois de encontro com Lula em Brasília, Margareth disse ter "aceitado a missão" e falou estar empenhada em formar uma força tarefa para "reascender a cultura no Brasil".

Apesar de não ter experiência na gestão pública, a artista é fundadora e presidente da Associação Fábrica Cultural, focada na economia criativa. A entidade sem fins lucrativos atua há quase duas décadas na Bahia com incentivo à comercialização e divulgação de empreendedores locais, principalmente mulheres, além de promover cursos em áreas como costura, design gráfico, estamparia, artesanato, línguas e literatura para crianças e adultos.

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