Líderes partidários na Câmara e no Senado se manifestaram na manhã desta quarta-feira, 25, sobre a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a China. Pelas redes sociais, deputados e senadores censuraram o posicionamento do filho do presidente e se desculparam com o povo chinês pelas acusações.
Em publicação feita na noite de segunda-feira, 23 - e apagada na terça - Eduardo destacava a adesão do Brasil ao programa Clean Network, descrito pelo deputado como uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China". Na terça-feira, a Embaixada da China em Brasília reagiu à acusação de espionagem e acionou o Itamaraty para reclamar de uma publicação. Em comunicado divulgado pelas redes sociais da Embaixada, Pequim afirma que, se não houver um ajuste de retórica, as autoridades brasileiras "vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil".
O deputado André Figueiredo (PDT-CE), líder da oposição na Câmara, foi um dos que se manifestaram mais enfaticamente sobre o imbróglio criado por Eduardo. Em uma série de publicações, ele classifica a fala do filho do presidente como "uma irresponsabilidade" e diz que o País iria à falência se a China decidisse retaliar.
"É inadmissível que o filho do presidente da República, deputado federal, e presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, seja responsável, sistematicamente, por constrangimentos diplomáticos com nosso maior parceiro comercial!", escreveu.
Figueiredo também acusou Eduardo de subserviência ao presidente americano, Donald Trump, e disse que as declarações compõem uma postura "suicida, antipatriótica e muito pouco inteligente" do ponto de vista comercial.
Alessandro Molon (RJ), líder do PSB na Câmara, foi outro que classificou como inaceitável a postura de Eduardo. Molon afirmou que o filho do presidente "está empenhado em destruir a relação do Brasil com a China".
As críticas ao deputado federal por São Paulo também vieram do Senado. Fabiano Contarato (REDE-ES) declarou que Eduardo exerceu uma "antidiplomacia" e lembrou que a provocação à China poderia custar caro, principalmente considerando o resultado das eleições nos EUA, com a vitória do democrata Joe Biden.
"O filho do presidente exercendo a antidiplomacia que tantos prejuízos vêm trazendo ao país. Fustigar o maior parceiro comercial do Brasil custa caro. Até porque o outro lado da moeda, os EUA, elegeu um presidente que não tem alinhamento com Bolsonaro."