Enquanto bolsonaristas organizam manifestações em defesa do governo para o dia 15 de março e a oposição chama atos contra o presidente Jair Bolsonaro para o dia 18, os grupos que lideraram o movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff tentam sair da sombra da polarização.
Em um alinhamento pontual com o Palácio do Planalto, o Vem Pra Rua, que não aderiu aos atos do dia 15, vai enviar seus líderes nesta terça-feira, 3, para Brasília para pressionar os senadores a manterem o veto presidencial ao orçamento impositivo, que é alvo de um cabo de guerra entre o governo e o Congresso desde o ano passado.
A ação do Vem Pra Rua reforça uma aposta do governo de atrair os senadores independentes que são contra o orçamento impositivo, como é o caso de Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
O grupo criou o site www.veto52.com.br no qual apresenta um quadro com a posição dos deputados e senadores. Até o momento o VPR contabiliza 25 senadores à favor da manutenção do veto, sendo que são necessários 41 votos. Na Câmara, o quadro mostra que 78 deputados apoiam o veto, sendo que são necessários 257 votos.
O orçamento impositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias dá aos parlamentares o poder de definir o destino de R$ 30 bilhões de emendas parlamentares do relator e de comissões.
"O poder dos deputados sobre orçamento passou dos limites. O relator do orçamento virou o Exeutivo?", disse a porta-voz do movimento Vem Pra Rua, Adelaide de Oliveira. Questionada sobre o ato dia 15 de março, a ativista afirmou que o grupo não apoia partidos, políticos ou governos. "Deixem os caras brigarem pelo presidente deles". Uma vez encerrado o embate sobre o orçamento, o VPR vai retomar sua campanha em defesa da prisão após condenação em 2ª instância.
Já o Movimento Brasil Livre (MBL), que também liderou o movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff, também defende o veto presidencial, mas esse não é o foco central do grupo. A prioridade é a votação da Reforma da Previdência na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que acontece nesta terça-feira.
"O veto tem que ser mantido. O relator não pode ter sozinho o controle de R$ 30 bilhões. É muito poder para um deputado", disse Renato Battista, coordenador nacional do MBL. Ele reforça que esse é um alinhamento pontual com a agenda governista e reconhece que a polarização das manifestações pró e contra Bolsonaro deixou as demais bandeiras em 2° plano.
"A partir do momento que o governo chama uma manifestação para defender o Bolsonaro acima de tudo, todas as outras pautas, como as reformas ficam de lado".