O representante da Davati Medical Supply Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que depõe nesta quinta-feira, 1º, na CPI da Covid, exibiu um áudio que, segundo ele, mostra o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) negociando a compra de vacinas com a Davati.
Segundo Dominguetti, o parlamentar era o que "mais incomodava" nas negociações. "[Miranda] era o mais insistente com a compra e valor de vacinas", afirmou à comissão.
No arquivo do áudio, Miranda fala com Cristiano Alberto Carvalho, também representante da Davati, pressionando-o para a compra e pedindo um vídeo mostrando as vacinas e citando ele nas imagens para que a negociação fosse fechada. Ouça:
Após a revelação do conteúdo, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), exigiu a reconvocação do deputado à CPI da Covid e determinou que oitiva não seja secreta.
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) solicitou, ainda, a apreensão e perícia no celular de Dominguetti.
Miranda aparece na comissão e diz que áudio foi editado
Durante um bate-boca entre senadores, o deputado Luis Miranda apareceu na sala da CPI e tentou se manifestar. Após as críticas de integrantes da comissão, o parlamentar foi retirado da sala.
Omar Aziz, que conversou rapidamente com Miranda, informou a comissão que o parlamentar negou as tratativas envolvendo vacinas para o Brasil.
"O Miranda disse que o áudio é de 2020, de uma negociação nos Estados Unidos, nem era no Brasil, e que ele não fala em vacina, [que o áudio] foi editado para prejudicá-lo e que ele foi à polícia com o áudio completo fazer uma denúncia-crime e irá nos dispor o áudio [completo para a CPI]".
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Luis Miranda afirmou que o áudio é antigo e se trata de uma negociação para comprar luvas. "Resta saber quem plantou esse cara [Dominguetti] na CPI", acusou o parlamentar.
Após as considerações de Miranda, alguns senadores falaram em "testemunha plantada" para prejudicar os trabalhos da CPI. "Tem que dar voz de prisão a esse depoente", sugeriu Fabiano Contarato (REDE-ES).
Entenda
Luis Miranda se tornou pivô na CPI após ter dito que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre um suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana da Covaxin.
Dominguetti, por sua vez, se apresentou como vendedor de 400 milhões de doses da AstraZeneca pela Davati. A negociação é investigada pela CPI da Covid após Dominguetti ter dito que recebeu um pedido de propina do ex-diretor de Logística em Saúde da pasta Roberto Ferreira Dias, já exonerado do cargo. O laboratório, no entanto, nega que tenha intermediários para os contratos.