O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos é um "passo importantíssimo" para seu "sonho" de retornar ao Palácio do Planalto no próximo pleito no Brasil.
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"É igual uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E o Trump é um passo importantíssimo", disse Bolsonaro, em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada nesta quinta-feira, 7.
Segundo Bolsonaro, a vitória de Trump vai refletir no mundo mundo e "aqui no Brasil talvez fique um recado da própria eleição que queremos, cumprimento das leis, Estado democrático de Direito não da boca para fora, mas na prática".
"Quase tudo o que acontece lá acontece aqui. Lá teve o Capitólio, que teve mortes. Tentaram de todas as maneiras colocar na conta dele. Lógico, ele é uma pessoa de uma diferença enorme em relação a mim, foi presidente de um país muito rico, fantástico, tem boas amizades com todo mundo, o cara é bilionário. Enfrentou a perseguição do Judiciário. Eu aqui me esquivo. Mas não deixa de ser uma sinalização para cá de "faça as coisas direito", acrescentou.
No ano passado, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030, permanecendo impedido de concorrer na eleição de 2026. Ele foi condenado por abuso de poder político e por uso indevido dos meios de comunicação ao atacar as urnas eletrônicas, sem provas. Depois, também foi indiciado em dois outros inquéritos, um sobre falsificação de cartões de vacina de covid-19 e outro da venda e recompra de jóias. Ele ainda é alvo de outras investigações.
Sobre participar da posse de Trump, Bolsonaro disse que vai peticionar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e "ele decide". No momento, o ex-presidente está com o passaporte retido e proibido de deixar o Brasil.
Durante a entrevista, o ex-chefe do Executivo também comentou sobre "eleger uma boa bancada" em 2026. "Hoje teria 20% da Câmara e 15% do Senado. É muito pouco. Acredito que vem uma bancada enorme [na próxima eleição no Senado]."
Questionado se essa bancada confirmaria se haveria alguma intenção de revanche com o Judiciário, Bolsonaro afirmou que "o simples fato de estar forte, não precisa ameaçar". "O Parlamento, no meu entender, tem que ser o Poder de última palavra, o poder vem de lá, que tem o voto. Depois, o Executivo. Quem não tem o poder de se intrometer em nada é o Judiciário, o Judiciário é para resolver conflitos. O ser humano gosta de mandar e apareceu a brecha... Para o Lula está muito bom. Comigo tinha no mínimo uma intervenção do Supremo por semana", disse.
Bolsonaro ainda comentou as notícias de uma possível parceria com o ex-presidente Michel Temer como vice nas eleições de 2026. "Não sei, não falo sobre esse assunto [se Michel seria um bom nome]. Não descarto conversar com ninguém, até com você. Não sei... ele é garantista, é um ex-presidente. O impeachment [de Dilma Rousseff em 2016] abriu uma brecha para eu me candidatar. Não existe impeachment sem vice."