Votação apertada em resolução do PT mostra insatisfação de petistas com pacote fiscal

Resultado foi apertado e se dividiu entre resolução sem críticas ao pacote fiscal e proposta 'mais salgada' em relação ao governo

7 dez 2024 - 19h58

BRASÍLIA - A tendência petista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "Construindo um Novo Brasil", foi vitoriosa ao aprovar a sua proposta de resolução política, mas quase foi derrotada pela oposição interna em uma votação apertada, neste sábado, 7. Integrantes do partido admitiram que o PT esteve prestes a viver uma situação inédita e que a votação demonstrou um quadro de insatisfação expressiva dos petistas com o governo, sobretudo com o pacote fiscal.

Dividido em diversas tendências políticas, o PT tem a CNB como o seu bloco majoritário, mas a ala representa menos que 50% do partido. Segundo membros da legenda, em geral, a CNB geralmente vence as disputas internas em aliança com a tendência Movimento PT, mas, nesta votação, os dois blocos ficaram separados.

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Segundo apurou o Broadcast/Estadão, a resolução política da CNB, que não contém críticas ao pacote fiscal, foi aprovada por 42 votos. O texto sinaliza somente uma preocupação com o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). A resolução política é um texto de orientação das bases petistas do partido e de atuação no Legislativo.

Outros 38 delegados votaram a favor de outra proposta de resolução, de autoria da tendência Avante e atribuída à deputada Maria do Rosário (PT-RS). O texto foi descrito por petistas como "mais salgado" em relação ao governo: faz elogios à proposta de ampliação da isenção do Imposto de Renda, mas critica abertamente as mudanças no reajuste do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no reajuste do salário mínimo.

"Ao passo que o governo acerta na isenção do IR, a parte que impacta no BPC e no aumento real do salário mínimo é um grave equívoco, um prejuízo para os mais pobres em um momento que é fundamental não sangrar ainda mais a nossa base social", diz a proposta da tendência Avante.

O texto continua: "Desde o arcabouço fiscal, seguimos afirmando que essa agenda econômica não possibilitará que nosso governo atenda os anseios que nos levaram a derrotar o bolsonarismo nas urnas em 2022. Não será possível uma solução que agrade ao mercado e a nossa base".

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De acordo com petistas, a proposta só não passou porque a tendência Resistência, atribuída ao secretário-geral do PT, Henrique Fontana, decidiu de última hora não fechar com a oposição e manter um texto próprio, que obteve sete votos. Se a tendência tivesse aderido ao texto de Rosário, a resolução que rechaça o pacote fiscal sairia vencedora.

Conforme mostrou o Broadcast/Estadão, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse na reunião fechada que "é claro" que o trecho relacionado ao BPC será reformulado e também citou revisão na questão do salário mínimo. No entanto, o petista cobrou do partido maior sustentação política ao governo e criticou a ideia de que o diretório nacional se posicionasse de forma contrária ao pacote fiscal.

De acordo com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a bancada petista deve procurar o governo para expor as preocupações com o BPC e propor mudanças.

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