Por falta de quórum, a votação para abertura de uma comissão externa com objetivo de investigar denúncias de propina envolvendo funcionários da Petrobras ficou para depois do Carnaval. A criação do grupo é uma iniciativa da oposição, mas ganhou apoio do “blocão” formado na Câmara por sete partidos governistas e o oposicionista Solidariedade.
Na semana passada, o jornal Valor Econômico divulgou que a SMB Offshore é investigada por autoridades da Holanda, da Inglaterra e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde 2012. A suspeita é que um ex-funcionário da empresa teria pagado R$ 250 milhões em propinas, dos quais US$ 139 milhões para intermediários e funcionários da Petrobras.
Ontem, uma manobra do PT impediu a aprovação da comissão, acordada pela maioria dos líderes partidários. O partido entrou com uma série de requerimentos para trancar a votação, e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), adiou para esta manhã.
Segundo o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), principal voz do “blocão”, já era previsto que não haveria o número mínimo de 257 deputados em plenário. Até o fim da sessão, 255 haviam marcado presença.
Segundo Cunha, o PMDB não vai mudar sua posição sobre a necessidade de enviar um grupo para buscar ir à Holanda buscar informações das investigações em curso. A votação está prevista para o dia 11 de março. “Eu não vejo problema. O PMDB não vai mudar sua posição. O objetivo aí não é obter nada em contrapartida”, disse.
A criação da comissão externa foi colocada como primeiro item da pauta na sessão desta noite, conforme acordo na reunião de líderes da Casa. A decisão foi possível com o apoio da oposição e do bloco informal criado pelos governistas PMDB, PP, PSC, PDT, PTB, PR, Pros, descontentes com a articulação política do governo Dilma, e o oposicionista SDD. O vice-presidente da República, Michel Temer, chegou a reunir líderes da base aliada na segunda-feira, mas não conseguiu conter os ânimos dos parlamentares.