BRASÍLIA - A deputada Carla Zambelli (PL-SP) tentou blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da Operação 3FA realizada nesta quarta-feira, 2, pela Polícia Federal, que fez buscas em quatro endereços ligados à parlamentar e prendeu Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker da Vaza Jato.
"O presidente Bolsonaro absolutamente não teve nada a ver com isso. Boa tarde", disse Zambelli ao encerrar a entrevista coletiva que contou com a presença de pouco mais de 10 deputados.
Zambelli relatou que estava com o filho e com a mãe em casa quando a operação aconteceu, às 6h da manhã desta quarta, e que seu passaporte, dois celulares e um HD foram apreendidos.
Em depoimento anterior à PF, Walter Delgatti Neto disse ter encontrado Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Segundo ele, o então presidente o teria questionou se ele conseguiria invadir a urna eletrônica caso tivesse o código fonte. A negociação, segundo Delgatti, "não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal".
Contrariando o que se sabe sobre as urnas, a deputada disse durante entrevista coletiva que as urnas eletrônicas não são auditáveis e justificou, por este raciocínio, a pergunta feita por Bolsonaro. "Se você não vê nenhum motivo para perguntar para um hacker se a urna pode ser fraudada, eu não vou poder te responder. Isso é tão óbvio que eu não consigo te responder", afirmou Zambelli.
A deputada também disse que enviará um relatório ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e questionará a busca e apreensão realizada no gabinete. Segundo ela, a operação da PF em sua unidade no Parlamento não teve testemunha. Ainda de acordo com a parlamentar, nada foi lá colhido.
Entenda a operação contra Zambelli
Delgatti foi preso no operação desta quarta. Zambelli foi alvo de mandatos de busca e apreensão. Ambos são alvos da Operação 3FA, que investiga a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
De acordo a PF, a investigação apura delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).