Ao criticar a possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial de 2022, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que quem votar no petista "merece sofrer".
Perguntado por um apoiador se a decisão do Supremo Tribunal Federal, que confirmou a anulação das condenações do ex-presidente pelo então juiz Sérgio Moro, não seriam "crime de lesa-pátria", Bolsonaro lembrou que a decisão do pleno da corte foi de 8 votos a 3 a favor de Lula.
"Você interprete como quiser (a decisão). Agora, um povo que porventura vote em um cara desses é um povo que merece sofrer", disse. "Igual umas prefeituras que ano passado os caras deitaram e rolaram no lockdown. E reelegeram o cara. Querem o quê?"
Lula ainda não se apresentou oficialmente como candidato, mas não descartou uma candidatura e tem articulado com vários partidos, não só na esquerda, uma candidatura que se oponha a Bolsonaro.
As últimas pesquisas mostram que o ex-presidente venceria Bolsonaro em um eventual segundo turno, o que tem levado Bolsonaro a atacar Lula com mais frequência e a começar articulações para sua candidatura em 2022, apesar de ainda não estar filiado a um partido.
O presidente foi mais uma vez perguntado sobre o Aliança pelo Brasil, partido que lançou no final de 2019, depois de deixar o PSL, mas que não conseguiu fazer decolar.
"Muito pequena a chance de sair (o Aliança). Já estou atrasado, já, não tenho outro partido, espero que esse mês eu resolva", disse.
Bolsonaro já havia afirmado que se não conseguisse registrar o novo partido até março, iria procurar outra sigla. Na verdade, desde 2020 a ideia de lançar de fato o Aliança já tinha sido praticamente abandonada, depois do fracasso na coleta de assinaturas e brigas internas que desmobilizaram o processo.
O presidente disse ainda que não tem o que fazer para mudar o processo eleitoral e as pessoas que precisam aprender. Afirmou esperar que o que chama de "voto auditável" --Bolsonaro e seus aliados defendem a impressão de um comprovante do voto-- ajude a mudar as eleições daqui para frente.
"Alguns querem que de um cavalo de pau no Brasil. Não dá para dar cavalo de pau", disse. "O povão vai aprendendo devagar, vai mudar isso daí (eleições). Para eu resolver só se eu impusesse uma ditadura, a gente não vai fazer isso."