PR: cotada para disputar governo, Gleisi acompanha desembarque de médicos

Ministra-chefe da Casa Civil rebateu críticas ao programa Mais Médicos, do governo federal, na chegada da segunda equipe ao Paraná

26 out 2013 - 20h00
(atualizado às 20h11)
Gleisi é apontada como pré-candidata do PT ao governo do Paraná nas eleições de 2014
Gleisi é apontada como pré-candidata do PT ao governo do Paraná nas eleições de 2014
Foto: Roger Pereira / Terra

Setenta e seis médicos intercambistas desembarcam entre hoje e segunda-feira no Paraná para atuar no Programa Mais Médicos. É a segunda fase de contratação de médicos formados no exterior para atuar em postos de trabalho que não interessaram aos médicos formados no Brasil. O primeiro grupo, com 19 profissionais, desembarcou na tarde deste sábado, no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e foi recebido pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, apontada como pré-candidata do PT ao governo do Estado em 2014.

"Eu disse aos médicos que eles serão muito bem recebidos, muito bem aceitos no Paraná, que a população vai tratá-los com muito carinho, como já tem acontecido com os médicos da primeira fase. Agradecemos muito a disposição deles de deixar suas famílias, suas casas e poder vir prestar um serviço tão importante à comunidade brasileira", disse a ministra. "Não tenho dúvidas que esse é um marco na saúde pública brasileira", comentou.

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Em todo o País devem chegar, até terça-feira, 2.167 médicos, que se juntam aos 1.499 que já estão atuando. Todos eles já passaram por três semanas de avaliações em universidades federais que testaram seus conhecimentos em língua portuguesa e nos protocolos de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, eles passarão por um período de aclimatação e conhecimento das unidades onde vão trabalhar, iniciando o atendimento ao público em 4 de novembro. No Paraná, os médicos que estão chegando esta semana atuarão em 18 municípios: Araucária, Cambé, Campo Largo, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Foz do Iguaçu, Guairá, Guarapuava, Jataizinho, Lapa, Londrina, Marechal Cândido Rondon, Piraquara, Santa Helena, São Miguel do Iguaçu, Sarandi e Tunas do Paraná.

Coordenador do programa Mais Médicos no Ministério da Saúde, Felipe Proença disse que todos os municípios que estão recebendo os médicos intercambistas recebem, também, novos investimentos em saúde. "O foco do programa é a atenção básica. Sabemos que 80% dos problemas de saúde se resolvem com atenção básica. E estamos investindo maciçamente em estrutura também. Cada comunidade onde este médico está chegando terá todas as condições para ele trabalhar", disse.

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A ministra Gleisi Hoffmann rebateu, ainda, algumas das críticas que o programa vem sofrendo, como a de ser uma medida eleitoreira, anunciada logo após os protestos de junho deste ano. "É um programa que estamos estruturando desde o início de 2012, a partir de uma avaliação muito criteriosa que concluiu pela necessidade de ampliar as vagas de cursos de Medicina, que, pela estrutura de saúde que temos no Brasil, comporta 11 mil novas vagas, mas como esses profissionais levam oito anos para se formar, não podíamos ficar, pela situação de falta de profissionais médicos, sem oferecer profissionais neste período, por isso estruturamos o programa", disse.

Questionada sobre a situação dos médicos cubanos, que, ao contrário dos outros profissionais do Mais Médicos, vêm para o Brasil através de convênio com a Organização Pan-americana de Saúde, mantendo seu vínculo com o governo cubano e recebendo apenas parte da remuneração de R$ 10 mil oferecida pelo governo brasileiro, Gleisi disse desconhecer o valor exato repassado aos profissionais cubanos, mas afirmou não dizer respeito ao governo brasileiro tal situação. "Não nos coube fazer conversa sobre os salários dos médicos cubanos. Eles são funcionários do governo de Cuba, têm seus cargos lá, ficaram com seus salários em Cuba, também, suas famílias ficaram lá e esse é um assunto de relação do médico cubano com o governo cubano", disse.

Já quanto às críticas das entidades médicas brasileiras ao programa, a ministra disse estar sentindo que os médicos brasileiros estão mudando de opinião. "Tenho certeza que os médicos brasileiros agora conheceram o programa e seu objetivo. Nosso programa não é contra o médico, muito pelo contrário, é por mais médicos, porque, infelizmente, ainda não temos médicos suficientes para atender toda a demanda da população. Os médicos que estão vindo não vão tirar emprego, não vão competir com os médicos brasileiros. Vão ajudar a medicina brasileira a resolver muitos problemas. Tenho certeza que na avaliação final desse programa vamos estar em uma grande confraternização."

Único médico com o qual a imprensa teve acesso, o pediatra argentino Ricardo Helmfelt classificou como natural a resistência dos médicos brasileiros ao programa. "Toda a corporação sempre se defende, é natural, lógico e vai levar um tempo para eles entenderem que não viemos tomar o lugar deles", disse.

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Com 30 anos de carreira, Helmfelt contou que se inscreveu no programa em busca de um novo desafio. "Particularmente, vim porque tenho 30 anos de carreira e estava já em vias de me aposentar, trabalhando de forma automática, sem novos desafios. Agora tenho a oportunidade de dar um outro tipo de atendimento, um atendimento holístico, sistêmico, ensinar o que eu sei aos outros médicos e às pessoas", contou, dizendo ainda ter identificado este perfil na maioria dos outros médicos intercambistas. "A maior parte do grupo é de médicos experientes, que querem conhecer uma nova realidade, trocar experiências. Jovens são apenas os médicos brasileiros que se formaram no exterior", contou.

ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS'
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa.
- As vagas serão oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais.
- No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros. Eles não precisarão passar pela prova de revalidação do diploma
- O médico estrangeiro que vier ao Brasil deverá atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios.
- Criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo de dois anos na graduação em que os estudantes atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Especial para Terra
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