Começou às 14h deste segunda-feira a primeira audiência da fase judicial das ações penais decorrentes da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras. Durante duas semanas, serão ouvidas testemunhas de sete ações penais contra empreiteiras acusadas de participar do esquema, doleiros, lobistas e ex-diretores da Petrobras. Na primeira ação, com os depoimentos iniciados nesta segunda-feira (2), o juiz federal Sérgio Moro ouvirá testemunhas de acusação no processo envolvendo as construtoras Camargo Côrrea e UTC Engenharia.
São réus neste processo os diretores das empreiteiras: Dalton dos Santos Avancini, Eduardo Hermelino Leite, Jayme Alves De Oliveira Filho, João Ricardo Auler, Marcio Andrade Bonilho, Ricardo Ribeiro Pessoa, além do doleiro Alberto Youssef, Adarico Negromonte Filho, Waldomiro de Oliveira e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Estão convocados para depor como testemunha o delegado da PF Marcio Adriano Anselmo e os diretores da Toyo Setal, Augusto Ribeiro De Mendonça Neto e Julio Gerin De Almeida Camargo, que já assinaram acordo de delação premiada e não poderão mentir ou ficar calados sob o risco de terem o benefício cassado.
Alguns dos réus participam da audiência. Adarico Negromonte chegou à sede da Justiça Federal de Curitiba à pé, acompanhado por sua família. Alberto Youssef e outros réus vieram de van, escoltados por batedores da Polícia Rodoviária Federal (PRF), direto da carceragem da Polícia Federal, onde estão presos.
Na entrada, apenas três advogados comentaram o início das audiências: Antônio Figueiredo Basto, que defende Youssef, disse que seu cliente exercerá o direito de participar de todas as audiências, ouvindo o que as testemunhas têm a falar para estruturar sua defesa. Ele classificou como mentirosas as declarações do empresário Leonardo Meirelles, de que Youssef teria patrimônio oculto e sociedade com empresários que não foram declarados na delação premiada. “Já desmascaramos ele duas vezes em juízo, vamos fazer mais uma vez. Eles nunca foram sócios, era um doleiro que fez serviços para meu cliente. Quem fala, tem que provar, vamos ver se ele vai conseguir desta vez. Se preciso, vamos acarear”, disse.
Celso Villardi, que defende a Camargo Corrêa, reclamou que a defesa está sendo prejudicada no processo. “Vamos aguardar os depoimentos, num processo em que a defesa tem sido muito mal tratada, quase que desconsiderada. O recebimento da denuncia se deu na sexta-feira e hoje já temos audiência. Existem documentos que não estão nos autos, mas com todas as dificuldades, vamos tentar fazer a audiência. Agora é hora de ouvir as testemunhas e tentar questioná-los dentro do possível, porque não tivemos acesso a todos os documentos que a acusação tem”.
O advogado René Dotti, que representa a Petrobrás na ação, veio participar da audiência como parte interessada e disse que o objetivo da participação da empresa na audiência é apurar os fatos para municiar procedimentos administrativos contra eventuais funcionários envolvidos. Ele disse que a Petrobras tem mantido contato permanente com o Ministério Público e a Justiça, fornecendo toda a documentação exigida. Relatou ainda que a Petrobras está no processo na qualidade de vítima. “É uma pessoa jurídica que teve significativos prejuízos por conta dessas ações irregulares. Nossa função aqui é recuperar para o patrimônio da empresa aquilo que foi desviado”, disse.