No dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta seu segundo depoimento ao juiz federal Sergio Moro, no âmbito da Lava Jato, apoiadores e críticos ao petista realizam manifestações para “recepcioná-lo” em Curitiba. Lideranças do PT, como a senadora Gleisi Hoffman, presidente nacional do partido, de centrais sindicais e do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) aguardaram a chegada de Lula em frente à sede da Justiça Federal do Paraná (JFPR), no bairro Ahú, com bandeiras, cartazes, faixas e vestindo camisetas vermelhas.
Por volta das 13h45, Lula desceu do carro e caminhou rapidamente entre os populares, perto do isolamento imposto pela Polícia Militar (PM), acenou, mas não conseguiu discursar. "Foi uma chegada de novo nos braços do povo, com a militância nossa, o pessoal vindo de diversos locais do Paraná e do Brasil. Tenho certeza que o presidente vai se sair muito bem, como já se saiu em outros depoimentos. A única dúvida que a gente tem é se o juiz vai cumprir e observar o devido processo legal e o Código Penal Brasileiro, o que não aconteceu da outra vez, porque a sentença dele não tem base jurídica. E isso não sou eu que estou dizendo. São 122 juristas brasileiros de renome internacional", disse Gleisi.
O interrogatório começou às 14h15, com 15 minutos de atraso. Sem poder acompanhar a oitiva, os militantes seguiram em caminhada até a Praça Generoso Marques, no centro da capital paranaense, onde deve acontecer um ato, encabeçado pelas frentes Brasil Popular (FBP) e Resistência Democrática (FRD) e pelo Fórum de Lutas 29 de abril. Estão previstas apresentações culturais, uma “aula pública” com o jurista Eugênio Aragão, professor da Universidade de Brasília (UnB), ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF) e ex-ministro da Justiça durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Lula é esperado no final da tarde.
Já o Vem Pra Rua, ao lado de outros grupos pró-Moro, se concentram em frente ao Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico. Em menor número, eles fizeram uma espécie de varal, contendo camisetas com o rosto do juiz, um boneco gigante de Moro e barraquinhas, onde colocaram vários “pixulecos”. Usaram megafones e buzinavam para os veículos que passavam. Em alguns locais da cidade também foram espalhados outdoors de "boas vindas" a Lula, com o ex-presidente vestido de presidiário e os dizeres “A República de Curitiba lhe espera de grades abertas”.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que à meia-noite desta quarta-feira (13) Lula já estava na cidade. Ele fez a viagem, desde São Paulo, de carro de passeio e dispensou a escolta policial que foi oferecida. Estaria acompanhado de apenas dois assessores. A previsão de retorno é amanhã, também via rodoviária.
Ouvido em maio na ação do triplex do Guarujá, em que foi condenado a 9 anos e meio de prisão, Lula agora presta depoimento no processo em que é acusado de ter sido beneficiado pela empreiteira Odebrecht com a compra de um terreno de R$ 12,4 milhões destinado a ser a nova sede do Instituto Lula – mudança que acabou não saindo do papel – e mais um apartamento de R$ 504 mil em São Bernardo do Campo (SP).
Segurança
Cerca de 1,5 mil agentes de segurança, sendo mil policiais militares, foram escalados para trabalhar na chamada Operação de Apoio à Justiça Federal. O efetivo é mais modesto do que o utilizado no dia 10 de maio, quando ocorreu a primeira oitiva. Naquela ocasião, havia três mil homens – 1,7 mil PMs, alguns dos quais deslocados do interior do Estado. “O planejamento operacional é basicamente o mesmo, com volume menor, considerando que temos um numero menor de pessoas confirmadas”, explicou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita.
De acordo com ele, 40 ônibus, trazendo 2,5 mil militantes de diversas partes do País, eram esperados. Há dois interditos proibitórios para a praça em frente à JFPR: um iniciando às 6 horas, mais próximo, e outro a partir do meio-dia, a duas quadras do local. Apenas pessoas cadastradas ou identificadas são autorizadas a passar. O expediente administrativo dentro do edifício é normal.