Em meio às desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro e o PSL, o mandatário do partido, deputado federal Luciano Bivar, foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga o uso de candidaturas laranja na eleição de 2018.
Agentes da PF cumpriram na manhã desta terça-feira (15) mandados de busca e apreensão em nove endereços, incluindo a casa de Bivar, em Jaboatão dos Guararapes (PE), e a sede do PSL em Pernambuco.
A operação foi batizada de "Guinhol" - nome de um teatro de fantoches criado no século 19 - e investiga possíveis fraudes no uso da cota de 30% do fundo partidário que as legendas devem destinar para candidaturas de mulheres. A PF aponta indícios de que o PSL empregou esses recursos na campanha de homens.
Uma das candidaturas investigadas é a de Maria de Lourdes Paixão, que recebeu R$ 400 mil em dinheiro público da direção nacional do PSL, mas obteve apenas 274 votos na eleição de 2018, quando ela concorreu ao cargo de deputada federal por Pernambuco.
A defesa de Paixão alega que o dinheiro foi usado para impressão de adesivos e santinhos em uma gráfica, um dos alvos da operação da PF. O advogado de Bivar e do PSL em Pernambuco divulgou uma nota afirmando que a investigação é "vista com muita estranheza", principalmente "por se estar vivenciando um momento de turbulência política".
"Já foram ouvidas diversas testemunhas, e não há indícios de fraude no processo eleitoral", afirma o comunicado.
Crise
Há uma semana, Bolsonaro havia dito para um apoiador "esquecer o PSL" e que Bivar estava "queimado pra caramba". Um dia depois, o mandatário do PSL rebateu que a declaração do presidente da República era "terminal" e que ele estava "afastado" do partido.
Bolsonaro continua no PSL, mas sua advogada eleitoral, Karina Kufa, disse ao jornal O Globo que ele já está em conversa com cinco partidos. Além disso, o presidente prometeu pedir uma auditoria nas contas do PSL.
A legenda tem hoje três governadores, três senadores e a segunda maior bancada da Câmara, com 53 deputados.