Presídios em Manaus têm segundo dia sangrento, e mortos já chegam a 55

No domingo, 15 detentos morreram no Compaj, complexo que já havia sido cenário em 2017 para o maior massacre em uma prisão amazonense; nesta segunda-feira, houve mortes em mais três unidades.

27 mai 2019 - 22h09
(atualizado às 22h13)
Pelo menos 55 presos morreram entre domingo e segunda-feira em quatro unidades prisionais de Manaus
Pelo menos 55 presos morreram entre domingo e segunda-feira em quatro unidades prisionais de Manaus
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Pelo menos 40 detentos foram encontrados mortos em quatro unidades do sistema prisional de Manaus nesta segunda-feira (27), número de fatalidades que se soma a outros 15 mortos em um presídio da capital amazonense no domingo.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado (Seap), os mortos nesta segunda-feira apresentavam sinais de asfixia e foram encontrados em celas trancadas nas seguintes unidades: Instituto Penal Antônio Trindade (25 mortos); Unidade Prisional do Puraquequara (6); Centro de Detenção Provisória Masculino (5); e Complexo Penitenciário Anísio Jobim (4). Segundo a pasta, a situação nos presídios está "controlada" no momento.

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Este último complexo, o Compaj, foi o cenário para a matança de 15 pessoas no domingo (26) - que o governo estadual atribui a uma briga entre os detentos. No primeiro dia de 2017, foi também ali que aconteceu aquele que é considerado o maior massacre em um presídio do Amazonas: 56 mortos em uma rebelião que durou cerca de 17 horas.

Conforme mostrou a BBC News Brasil em setembro de 2017, um inquérito sobre o ocorrido naquele ano apontou que "o massacre foi causado pela rivalidade entre as facções criminosas Família do Norte (FDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC)" em uma disputa pelo controle dos presídios da capital amazonense. A transferência de líderes da FDN para presídios federais também estimulou a matança.

Governo estadual atribuiu matança no domingo a briga entre detentos
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Sobre as mortes deste domingo, porém, o titular da Seap, coronel Marcus Vinicius Almeida, afirmou em coletiva de imprensa no mesmo dia que o Estado "não reconhece facções".

Em relação às dezenas de mortes nesta segunda-feira, o governo afirmou que iniciou investigações para identificar os responsáveis e que os resultados serão encaminhados à Justiça.

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Como resposta às ocorrências fatais, a Seap afirmou que vai "adotar medidas disciplinares nos presídios". O governo de Wilson Lima destacou também o envio da Força-tarefa de Intervenção Penitenciária, resultado de uma conversa com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e reflexo de "um problema que é nacional: o problema dos presídios", de acordo com uma nota enviada à imprensa.

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