Preso preventivamente pela Polícia Federal desde a semana passada, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu trocar sua defesa nas investigações a que responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma nova bancada de advogados, que tem entre seus quadros um especialista em delação premiada.
Mauro Cid foi preso em operação da PF ordenada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes por envolvimento em um esquema de falsificação de dados de vacinação contra a Covid-19 que tinha como beneficiários Bolsonaro e pessoas próximas a ele, segundo relatório das investigações.
Nesta quarta, o advogado criminalista Rodrigo Roca decidiu deixar a defesa de Mauro Cid. Roca já havia defendido o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), primogênito do ex-presidente, no caso das rachadinhas e também ocupou importante cargo no governo Bolsonaro, o de secretário Nacional do Consumidor, vinculado ao Ministério da Justiça.
"Renuncio à defesa dos interesses do Cel. Mauro Cid nos inquéritos em que figura como investigado, por razões de foro profissional e impedimentos familiares da minha parte", divulgou o advogado à imprensa.
O também advogado criminalista Bernardo Fenelon, especialista em delação premiada, vai assumir a defesa.
"Confirmo que eu e o Bruno Buonicore assumimos a defesa e por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as nossas manifestações serão feitas nos autos do processo", respondeu ele à Reuters ao ser questionado se vai adotar uma linha de defesa mais independente em relação à família Bolsonaro.
No ano passado, Fenelon lançou um livro, "A Colaboração Premiada Unilateral", em que faz uma avaliação do instituto da delação desde 2013, quando entrou em vigor no país.
A colaboração premiada foi muito usada durante a Operação Lava Jato, mas também foi alvo de fortes críticas e até de anulações pelo Supremo em razão de métodos utilizados por investigadores.
Além do caso que o levou à prisão na semana passada, Mauro Cid é investigado pelo STF em inquérito por supostamente atuar para que Bolsonaro levantasse suspeitas infundadas sobre o processo eleitoral, falsamente se valendo de um relatório da PF, e também perante à Justiça Federal paulista no caso do ingresso ilegal de joias dadas de presente a Bolsonaro pelo governo saudita.