Uma articulação de deputados do PSB contrários ao alinhamento do partido com o governo Michel Temer levou à destituição, nesta quarta-feira, da líder da bancada na Câmara, Tereza Cristina (MS), e poderá resultar em um aumento no voto a favor do prosseguimento da denúncia contra o presidente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
No lugar da deputada, assumiu a liderança o deputado Julio Delgado (PSB-MG), um dos principais críticos de Temer.
Delgado conseguiu o apoio de mais da metade da bancada -19 dos 37 deputados- e apresentou um requerimento de destituição de Tereza da liderança. A mudança foi confirmada recentemente pela direção da Câmara, e o deputado mineiro já está como líder.
Essa mudança poderá ter repercussão direta na votação da segunda denúncia contra Temer dentro da CCJ da Câmara, que deverá ocorrer nesta quarta-feira. Delgado avisou que vai trocar os integrantes do colegiado que são favoráveis a Temer.
O PSB tem quatro titulares na CCJ: o próprio Delgado e Tadeu Alencar (PE), ambos anti-Temer; e Danilo Forte (CE) e Fábio Garcia (MT), pró-governo. Os dois últimos deverão ser trocados por Delgado, avisou ele logo após a confirmação da efetivação na liderança.
Delgado disse que o deputado Danilo Cabral (PSB-PE), primeiro suplente a assinar a lista de presença, vai votar no lugar de Tadeu Alencar, que está ausente nesta quarta na CCJ. Ele afirmou que outros dois deputados da bancada vão assumir os lugares de Danilo Forte e Fábio Garcia.
Dessa forma, o partido deverá dar quatro votos contra o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), favorável ao arquivamento da denúncia contra o presidente.
Mais cedo, o agora novo líder acusou o governo de tentar manobrar para manter Tereza como líder do partido. Nesta quarta-feira, Temer exonerou os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho, que podem reassumir mandatos na Câmara pelo PSB pernambucano.
Bezerra Coelho já voltou para a Câmara no lugar do deputado Severino Ninho, e Jungmann poderá fazer isso em breve. Procurada, a líder destituída não atendeu à ligação telefônica.
Na votação da primeira denúncia na CCJ, o partido ficou rachado: 2 votos a favor e 2 contra o governo.