Psol cobra explicações da Defesa e do Itamaraty sobre senador boliviano

27 ago 2013 - 15h08
(atualizado às 15h31)
<p>Fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que contou com auxílio de diplomatas brasileiros, causou crise diplomática entre os dois países</p>
Fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que contou com auxílio de diplomatas brasileiros, causou crise diplomática entre os dois países
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O líder do Psol na Câmara dos Deputados, Ivan Valente (SP), protocolou, nesta terça-feira, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, requerimento pedindo a convocação dos ministros da Defesa, Celso Amorim, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, indicado para a pasta, mas ainda não empossado, para prestar esclarecimentos sobre a operação que trouxe ao Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina.

O parlamentar, que faz oposição ao presidente Evo Morales, estava asilado na embaixada brasileira em La Paz, há mais de um ano, e veio para o Brasil na última sexta-feira sem o salvo-conduto do governo da Bolívia.

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Valente disse que Amorim tem de explicar a participação de militares na operação que retirou Pinto Molina da embaixada brasileira e o futuro ministro das Relações Exteriores, prestar esclarecimentos sobre as circunstâncias que resultaram na demissão do chanceler Antonio Patriota na segunda-feira. "Tem muita coisa mal esclarecida. Até a participação de um senador brasileiro (Ricardo Ferraço, do PMDB do Espírito Santo) não está bem clara. Um avião fretado de graça, que é de um amigo (do senador), e ninguém quer identificar o empresário."

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No documento, o líder do Psol também propõe um convite ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, para explicar como se deu o ingresso do senador boliviano pela fronteira dos dois países. O requerimento será votado na quarta-feira.

"As razões humanitárias alegadas (pelo diplomata Eduardo Paes Saboia, encarregado de Negócios do Brasil na Bolívia e responsável pela operação) não convencem. O encarregado de Negócios não tem nenhuma autonomia para tomar uma decisão como essa. Ele sabe que está respaldado em outros interesses e outras articulações políticas", disse Valente.

De manhã, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Nelson Pellegrino (PT-BA), divulgou nota informando que o colegiado está "em contato permanente com a chancelaria e vai cobrar detalhes sobre a fuga do senador boliviano".

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Defesa diz não ter sido consultada

Por determinação da presidente Dilma Rousseff, o Ministério da defesa divulgou nota nesta terça-feira para esclarecer a participação de dois fuzileiros navais na viagem que transportou o senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz para o território brasileiro. No documento, a pasta informa que nenhuma autoridade da Defesa foi consultada ou informada da viagem antes da chegada de Pinto Molina ao Brasil.

Segundo o ministério, os militares participaram da viagem após serem convocados pelo encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz, Eduardo Saboia. A nota esclarece também que a participação dos fuzileiros "teve o objetivo exclusivo de garantir a segurança do diplomata brasileiro".

A pasta informou ainda que os três adidos militares na Bolívia encontravam-se fora de La Paz porque estavam participando de evento oficial do Exército boliviano, na cidade de Cochabamba. "Os adidos afirmaram que em momento algum foram informados da ação de deslocamento do senador boliviano para o Brasil. Dessa forma, nenhuma autoridade brasileira, no âmbito do Ministério da Defesa, foi consultada ou tomou conhecimento da viagem antes de o senador Roger Pinto ter ingressado em território brasileiro", conclui o texto.

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Agência Brasil
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