O PT vai mirar seus esforços em protestos e em eventuais julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) de ações que tratem de prisão em segunda instância para reverter a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula se entregou à Polícia Federal no início da noite do sábado, após ficar quase dois dias no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ele foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do triplex no Guarujá (SP).
De acordo com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o ex-presidente está confiante nas mobilizações pelo país em favor de sua liberdade.
"O sentimento espiritual dele é muito forte no sentido de segurar essa onda e a certeza de que o povo brasileiro continuará a mobilizar-se pela liberdade dele", disse Teixeira à Reuters no sindicato.
"O país em movimentação é que vai mostrar ao Supremo, porque o Supremo votou da vez passada sob pressão. Foi uma votação vergonhosa", acrescentou ele, referindo-se à rejeição do habeas corpus para Lula.
Na próxima quarta-feira, o ministro do STF Marco Aurélio Mello deve levar à corte um pedido de liminar feito pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para suspender a execução da pena de condenados em segunda instância.
Para Mello, relator de duas ações que discutem o assunto, houve uma mudança no cenário, o que justifica a apreciação do assunto pelo colegiado do STF.
Na última quarta-feira, durante o julgamento do habeas corpus de Lula, a ministra Rosa Weber votou contra o salvo-conduto do petista. O voto dela foi decisivo para a rejeição do habeas corpus.
"A ministra estava pressionada, ela leu dois terços do voto dela e ninguém sabia para onde ela iria votar, mas ela já votou da última vez favorável à prisão conforme a Constituição prevê", afirmou Teixeira.
Por enquanto, o PT nem cogita discutir um nome para ser candidato à Presidência da República e segue apostando em Lula.
"Nesse momento é colocar o povão na rua para reverter (a prisão) porque nosso candidato é o Lula. Ele está sendo preso porque ele é um bom candidato", acrescentou o deputado.
A presidente do PT, Gleise Hoffmann, convocou apoiadores de Lula para irem a Curitiba, para onde o ex-presidente foi levado depois de se entregar, ao sair a pé do sindicato em São Bernardo em meio a uma confusão no local, onde manifestantes bloquearam portões para impedir sua saída.
"Vamos ocupar Curitiba", disse Gleise à multidão, ainda no ABC paulista.
"A partir de hoje Curitiba vai ser o centro político das nossas ações porque lá está o nosso grande líder. Iniciaremos uma grande vigília", acrescentou ela em um vídeo.
Na chegada de Lula ao prédio da Polícia Federal em Curitiba, houve tumulto entre a polícia e manifestantes, segundo a mídia, resultando no uso de bombas de gás e feridos.