A expectativa dentro do PT é de que, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a prisão em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja libertado ainda nesta sexta-feira, e o partido já discute --e se divide-- sobre como deve agir o ex-presidente ao deixar a prisão, onde está há 580 dias.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o partido discute se Lula deve partir para uma ação ostensiva de oposição, retomando as caravanas pelo pais que fez antes de ser preso, ou deve se concentrar em reorganizar a oposição, fortalecer os governadores e outros líderes e dar a linha do discurso.
"O risco de uma ação mais ostensiva é a divisão que o país se encontra hoje. Qualquer incidente pode alimentar ainda mais essa divisão e ainda dar discurso para esse governo", disse uma das fontes.
Quem defende uma ação pública mais forte do ex-presidente acredita que Lula precisa liderar uma reação da oposição, e que as caravanas chamariam a população para uma mobilização.
De acordo com a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffman, Lula já teria programado atos públicos ao sair da prisão.
O primeiro deles será uma visita à vigília que se formou em abril do ano passado em frente ao local onde está preso, a superintendência da Polícia Federal --algo que o ex-presidente já manifestou diversas vezes, em cartas, ao prometer que um dia iria agradecer pessoalmente os militantes.
Se conseguir ser libertado ainda nesta sexta, o ex-presidente deve dormir esta noite em Curitiba por questões operacionais de transporte e segurança, mas no sábado pela manhã seguiria para São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Ainda de acordo com a presidente do partido, Lula iria para o sindicato dos metalúrgicos do ABC "encontrar a militância".
O ex-presidente ainda nem mesmo teve sua libertação avaliada pela Vara de Execuções Penais e há divergências sobre se ele pode realmente ser libertado ainda nesta sexta. A avaliação dentro do partido é de que a decisão do STF foi pública e o ex-presidente se enquadra perfeitamente na decisão da corte.
"Tem até o final do expediente dela para decidir, não pode manter o réu preso depois disso. Se não podemos usar um mandado de segurança", disse uma fonte.
Uma outra fonte ouvida pela Reuters, no entanto, lembra o presidente do STF, José Dias Toffoli, afirmou que cada caso seria analisado pelo juiz, então a decisão pode não ser imediata como esperam os petistas.
A defesa do ex-presidente entrou com o pedido de soltura na manhã desta sexta e no início da tarde o advogado Cristiano Zanin foi para a sede da Justiça Federal esperar uma audiência na Vara de Execuções Penais. De acordo com a assessoria do Tribunal, a juíza Carolina Lebbos, que tem sido a responsável pelas decisões no caso de Lula, está de férias. O juiz Danilo Pereira está respondendo pela Vara.
Apesar das incertezas, o partido se prepara para recepcionar Lula em seu primeiro dia de liberdade. As principais lideranças petistas estão a caminho ou já chegaram em Curitiba e desde a noite de quinta-feira caravanas de ônibus se dirigem à cidade e a São Bernardo do Campo para esperar o ex-presidente.
(Edição de Alexandre Caverni)