Ruas cheias e somente parte das lojas com as portas abertas foi o cenário da retomada das atividades do comércio na região central da capital paulista, nesta quarta-feira, dia em que foi permitida a volta ao funcionamento das lojas de rua, após um longo período de fechamento por causa das medidas de contenção da Covid-19.
Na Rua 25 de Março, região de comércio popular no centro da cidade, funcionários de lojas com máscaras de proteção indicavam aos clientes, que também usavam o equipamento obrigatório, que passassem álcool em gel nas mãos, além de medir a temperatura e controlar o acesso dos consumidores aos estabelecimentos, que por decisão do prefeito Bruno Covas (PSDB) podem voltar a funcionar com restrições na cidade.
Entre elas, um horário reduzido de funcionamento e obrigatoriedade da adoção de limites ao número de clientes simultaneamente dentro dos estabelecimentos e medidas de higiene. No entanto, o receio da doença respiratória causada pelo novo coronavírus ainda estava presente.
"Na verdade eu fico com medo, sim, porque está aumentando, mas ao mesmo tempo a gente precisa sair, precisa trabalhar, precisar comprar as coisas para vender. É uma mistura de medo, mas a gente precisa sair. Mas sempre protegida, álcool em gel, máscara", disse à Reuters TV a vendedora Vanessa Pereira, que comprava produtos para revenda.
Havia grande movimento na região nesta quarta-feira. Os estabelecimentos de rua só podem funcionar entre 11h e 15h diariamente.
"A gente sabe que é um pouco mais lento. Todo mundo, no caso, está voltando um pouco receoso, principalmente os nossos clientes, a gente sabe disso. Mas tomamos todas as medidas, todas as cautelas para ter uma grande segurança aqui na loja", disse Valdemar Ferreira, gerente de um dos estabelecimentos comerciais da região, à Reuters TV.
A cidade de São Paulo tem desde 1º de junho o aval do governo do Estado para liberar o funcionamento do comércio de rua, de shoppings centers, de concessionárias de veículos, de imobiliárias e de escritórios. Covas já havia acertado com os setores a reabertura dos escritórios e das concessionárias. O comércio de rua e as imobiliárias retomaram as atividades nesta quarta, e a expectativa é que os shoppings centers voltem a operar na quinta.
A reabertura vem em um momento em que a capital registrou queda no número de novos casos e novas mortes causadas pela Covid-19 e que também conseguiu reduzir a ocupação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) com a abertura de hospitais, instalações de novos leitos públicos e a contratação de leitos do setor privado.
No período entre 26 de maio e 1º de junho, a cidade registrou 17.146 novos casos e 884 mortes causadas pela Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus. Nos sete dias seguintes, o número de novos casos caiu para 15.864 e o de novos óbitos para 640, segundo boletins diários da Secretaria de Saúde do município.
Além disso, a ocupação de leitos de UTI, que estava em 85% no informe divulgado no dia 26, caiu para 67% no boletim divulgado pela pasta na terça-feira.
Pelo informe da terça-feira, a cidade tem 84.862 infecções confirmadas de Covid-19, com 4.945 mortes.
A reabertura do comércio de rua na capital paulista, às vésperas do Dia dos Namorados, acontece no mesmo dia em que o Estado de São Paulo registrou pelo segundo dia seguido um recorde no número de mortes diárias pela Covid-19, com um acréscimo de 340 novos óbitos nesta quarta. De acordo com autoridades estaduais de saúde, a epidemia está em um processo de se espalhar da região metropolitana para o interior do Estado.
Apesar da reabertura do comércio de rua nesta quarta e da provável volta dos shoppings na quinta, Covas tem insistido que a cidade de São Paulo permanece em quarentena para conter a disseminação do coronavírus e tem reiterado o apelo para que a população mantenha as medidas de precaução.
"Nós conseguimos controlar a disseminação do vírus, mas ele ainda é uma realidade a ser enfrentada", disse Covas em vídeo divulgado na terça para anunciar a reabertura do comércio de rua.
"Eu queria pedir à população mais uma vez que evite deslocamentos desnecessários, que evite aglomeração, que continue a utilizar máscara, que continue a utilizar álcool em gel, a lavar as mãos a evitar tossir nas mãos. Ou seja, todos os cuidados permanecem para que a gente possa manter os índices na cidade de São Paulo."