Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem minimizando a gravidade da covid-19 e passando à população mensagens que contradizem as orientações das autoridades de saúde.
Nesta terça-feira (7), o presidente declarou que está com a doença.
Bolsonaro disse a jornalistas que está se tratando com hidroxicloroquina, substância considerada controversa para esse fim, já que não há comprovação científica de sua eficácia no caso de covid-19 e pode causar efeitos colaterais graves, particularmente arritmia cardíaca.
Veja aqui algumas das declarações que o presidente deu sobre a pandemia desde março:
"Superdimensionado"
Em um de seus primeiros comentários públicos sobre a doença, o presidente disse que a imprensa exagerava sobre sua gravidade. "Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus", disse o presidente em evento em Miami no dia 9 de março.
Alguns dias depois, havia mais de 20 autoridades infectadas na cúpula do governo federal. Parte dessas autoridades estava na comitiva do presidente que viajara aos Estados Unidos.
"Gripezinha"
Alguns dias depois, em um pronunciamento veiculado na televisão, no dia 24 de março, quando o país já registrava mais de 10 mortes pelo vírus, o presidente criticou o fechamento de escolas e comércios. Ele ainda comparou a contaminação por coronavírus a uma "gripezinha" ou "resfriadinho" e disse que, se ficasse doente, não sofreria.
"Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão", afirmou.
Brasileiros de ao menos seis capitais protestaram com panelaços no dia desta polêmica frase na televisão e nos dias seguintes.
"Vamos todos morrer um dia"
Bolsonaro se posiciona contra o isolamento social e dizia, nos primeiros meses da pandemia, que era preciso isolar apenas pessoas de saúde frágil.
No final de março, após um passeio que provocou aglomeração, o presidente disse: "Essa é uma realidade, o vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra. Não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Tomos nós iremos morrer um dia."
"E daí?"
No final de abril, o presidente foi perguntado por um repórter o que ele tinha a dizer sobre o recorde diário de mortes notificadas naquele dia. Ao que o presidente respondeu:
"E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", disse, em referência ao seu nome, Jair Messias Bolsonaro.
Em seguida, o presidente perguntou se alguém gravava a entrevista ao vivo. Quando soube que sim, se direcionou a essa pessoa e disse que lamentava as mortes. "Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas. Mas é a vida. Amanhã vou eu", disse ele.
''Cobre do seu governador''
No dia 10 de junho, enquanto conversava com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro mandou uma mulher que o questionava sobre o número de brasileiros mortos pela pandemia de covid-19 "cobrar do seu governador".
Dois dias, pelo Twitter, ele havia dito: ''lembro à Nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos''.
''Não precisa entrar em pânico''
Nesta terça, ao confirmar que contraiu covid-19, o presidente afirmou que sente "mal-estar, cansaço, um pouco de dor muscular".
"Quanto a repouso, isso é particular meu. Eu não sei ficar parado. Vou ficar despachando por vídeo conferência", afirmou o presidente, que diz estar se sentindo "impaciente". "Eu estou impaciente, mas vou seguir os protocolos. O cuidado mais importante é com seus entes queridos, os mais idosos. os outros também, mas não precisa entrar em pânico. A vida continua", afirmou.