A revista Época dessa semana traz um documento que revelaria que o Brasil foi alvo de espionagem americana em 2010, quando ocupava um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU. De acordo com a publicação, o contexto era das negociações de uma nova rodada de sanções para o Irã, por causa de seu programa nuclear, e os Estados Unidos precisavam de ao menos 9 votos entre 15 para passar as novas sanções. As autoridades americanas teriam então espionado ao menos 8 países do conselho para saber como eles votariam.
O Brasil se opunha as sanções e, juntamente com a Turquia, que também ocupava uma cadeira rotativa, defendia negociações para que o Irã pudesse desenvolver seu programa nuclear pacífico com ajuda do exterior. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para o Irã e, em 17 de maio daquele ano, costurou um acordo em que a república islâmica se comprometia a enriquecer urânio no exterior e respeitando as determinações da agência nuclear da ONU.
No dia seguinte, no entanto, os Estados Unidos anunciaram que os cinco países com poder de veto no conselho (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) tinham chegado à conclusão de que o regime iraniano não era confiável e que levariam as sanções à votação. Segundo a revista, para a surpresa do Brasil, as sanções foram aprovadas por 12 votos a 2, e uma abstenção (Líbia). Votaram contra apenas Brasil e Turquia.
O documento obtido pela Época revela justamente que os Estados Unidos teriam espionado Brasil, Japão, México e França, além de outros quatro países, para saber antecipadamente como eles votariam e aumentar seu poder de barganha nas negociações com os demais países. O documento é intitulado "Sucesso Silencioso" e celebra o sucesso da operação.