RJ: gays sofrem mais agressões no ambiente familiar, diz pesquisa

Segundo levantamento, 22% das agressões contra homossexuais foram praticadas pelos próprios amigos e parentes, dentro das casas das vítimas

17 mai 2013 - 15h30
(atualizado às 15h34)

O local em que os homossexuais mais sofreram agressões, no Estado do Rio de Janeiro, em 2012, foi o ambiente familiar, apontam dados preliminares de um levantamento divulgados nesta sexta-feira pelo Programa Rio Sem Homofobia. Do total de denúncias registradas nos quatro centros de referência no Estado e pelo número 0800-234567, 22% das agressões foram praticadas pelos próprios amigos e parentes, dentro das casas das vítimas.

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"É assustador você ter o ambiente familiar como o principal local de violência contra homossexuais. Dá a noção de quanto é séria a situação de vulnerabilidade em que vivem. Em casa, com seus pais, irmãos e parentes, é que eles sofrem a maior parte da violência verbal e física", avaliou Cláudio Nascimento, coordenador do Programa Rio Sem Homofobia.

O segundo lugar onde a violência é mais frequente é a rua (18%), o que agrava o problema, na visão do coordenador. "Na prática, o direito de ir e vir dos homossexuais está sendo cassado. Se não é surpreendente, é entristecedor. A gente vem debatendo a questão dos direitos humanos, mas nosso País ainda está patinando". O ambiente de trabalho e a escola também estão entre as principais áreas em que há a prática da homofobia.

A pesquisa completa será divulgada na semana que vem, mas os dados foram antecipados hoje, Dia Internacional contra a Homofobia, data considerada histórica porque, há exatos 20 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças psiquiátricas.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) teve a mesma iniciativa em 1985. "O dia de hoje precisa trazer para a sociedade uma reflexão. A religião tem o direito de ter seus dogmas, mas suas doutrinas não podem ser impostas a toda a sociedade. A homossexualidade era considerada doença por questões ideológicas e religiosas. A ciência era usada como escudo".

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Com base na pesquisa, Cláudio Nascimento antecipa que que 38% das denúncias registradas foram motivadas por agressões verbais e 22% por agressões físicas. "Juntos, os casos somam 60% e mostram a situação vexatória a que os homossexuais estão expostos, sendo vítimas de piadas, xingamentos, agressões e todo tipo de humilhações. Isso gera um ambiente hostil". As agressões físicas mencionadas por Cláudio não incluem assassinatos e casos de abuso sexual.

A maior parte das agressões foi registrada na cidade do Rio de Janeiro, mas o coordenador acredita que há subnotificação maior nas outras cidades. "O estudo é que vai apontar mais claramente isso, mas o que a gente pode dizer é que, nas regiões com menor índice de desenvolvimento humano, a violência é maior".

O coordenador do projeto argumenta que o quadro piora pela sensação de impunidade: "É urgente que seja aprovada a Lei da Homofobia, para que seja reconhecido como crime de ódio, como é o racismo, que é inafiançável. Há no imaginário dos setores homofóbicos a expectativa da impunidade ou de punições brandas, que muitas vezes são apenas o pagamento de cestas básicas".

Para aumentar o acesso dos homossexuais às formas de denunciar os crimes, o Programa Rio Sem Homofobia aumentará o número de centros de referência, com a inauguração de mais quatro neste ano. O primeiro deles será aberto em junho, em Nova Iguaçu, para reforçar o combate ao preconceito na Baixada Fluminense, que hoje conta com um centro em Duque de Caxias.

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São Gonçalo, segunda cidade mais populosa do Estado, também foi confirmada como local de um novo centro e os outros dois estão em estudo. Atualmente, o Rio Sem Homofobia possui centros de referência na capital, em Niterói, em Duque de Caxias e em Nova Friburgo. A meta é ter 14 centros até o fim do ano que vem.

Agência Brasil
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