RS: na cadeia, facção faz manifesto por redução da violência

Documento condena execuções de mulheres e crianças e diz que violência atrapalha atuação dos grupos

30 set 2016 - 14h29
(atualizado às 14h30)
Foto: Ministério Público RS

Quando todos os limites envolvendo a criminalidade parecem ter sido ultrapassados, os gaúchos são surpreendidos pelo impossível. Nesta semana passou a circular em casas prisionais do Rio Grande do Sul um manifesto escrito por um grupo de apenados pedindo limites para a violência no Rio Grande do Sul. Com frases de impacto como "compromisso com o lado certo da vida errada", o documento é assinado por representantes do Presídio Central de Porto Alegre e das penitenciárias do Jacuí e Charqueadas. 

Conforme o grupo, que se declara uma nova facção em formação no Estado, a intenção é abrandar a violência usada dentro das ações dos bandidos. A execução de mulheres e crianças, por exemplo, estaria vetada dentro desta nova filosofia criminal. Além de buscar apaziguar as atitudes do lado de fora das cadeias, o grupo também quer um ambiente mais tranquilo dentro das unidades carcerárias, tradicionalmente conhecidas pelas guerras entre facções rivais. Os apenados ainda ressaltaram que as práticas de extrema violência atrapalham os "negócios" das facções, a exemplo do tráfico de drogas.

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A Susepe emitiu nota garantindo que "identifica e monitora possíveis integrantes de supostos grupos envolvidos em crimes constantemente", e que ações para desarticular facções ou planejamentos criminosos eventualmente articulados dentro das cadeias. Ainda na nota, a Superintendência afirmou que "viabiliza, diariamente, diversos projetos educativos, de aperfeiçoamento e religioso de forma a atender os requisitos da lei e, assim,  contribuir com a formação do preso". 

A Secretaria de Segurança Pública do RS, recentemente sob comando de Cezar Schirmer, garantiu que "já determinou aos gestores das instituições vinculadas que sejam tomadas as devidas providências", de modo a identificar possíveis articulações criminosas dentro do sistema prisional. A nota ainda acrescenta que "para o secretário, qualquer manifestação vinda de quem promove a violência representa um deboche à sociedade".

A Ugeirm, sindicato que representa escrivães, inspetores e investigadores de polícia do RS, afirmou que a notícia vinculada seria digna de "sites de humor", e que "em breve os criminosos vão pedir mais investimentos em segurança pública". Ainda dentro do contexto da insegurança no Estado, uma paralisação está sendo realizada hoje das 6h às 21h em protesto por mais um parcelamento de salários do funcionamento estadual, o oitavo deste ano. Cruzaram os braços a própria Ugeirm, além da Brigada Militar, IGP, Susepe e Corpo de Bombeiros. 

Fonte: Especial para Terra
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