O assessor de Operações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Antônio César da Costa e Silva, disse, nesta terça-feira, que a crise hídrica de São Paulo está ligada a um “fenômeno climático absolutamente imprevisível”, que afetou também outras localidades no mundo como a Califórnia, nos Estados Unidos.
Antônio César participou do seminário “Crise da escassez hídrica no Brasil e seu gerenciamento no estado de São Paulo”, na capital. O assessor da Sabesp destacou dezenas de intervenções feitas pela Sabesp para amenizar a situação na região metropolitana, como as transferências entre sistemas, a retirada de mais água da represa Billings e o aumento da vazão do manancial de Guaratuba para o Sistema Alto Tietê até o fim do ano.
Alceu Bittencourt, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental em São Paulo (Abes) diz que a sociedade tem de combater o conflito de uso entre indústria, agricultura, lazer, por exemplo, em detrimento do consumo humano. Alceu defende que, na atual situação de crise hídrica, é necessário repensar a distribuição da água.
O presidente da Abes mostrou-se favorável à diminuição da vazão de água procedente do Sistema Cantareira imposta à região de Campinas. “Essa proposta foi estudada, ela distribui esforços, é uma proposta correta. É a forma de manter mais segurança para todos. Tem que restringir um pouco de cada um, dando prioridade para o abastecimento humano”, disse.
Marco Antônio dos Santos, diretor da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), responsável pelo fornecimento à Campinas, explica que o grande problema enfrentado pelas cidades da Bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) é que não há reservatórios de armazenamento de água. Por esse motivo, explica Marco Antônio, a cidade não adotou racionamento.
Segundo o diretor da Sanasa, a água usada no abastecimento da região é captada diretamente do Rio Atibaia, que, por sua vez, recebe água do Sistema Cantareira. A Região Metropolitana recebia a vazão de 31 metros por segundo de água do Cantareira, que diminuiu, em razão da crise, para 15,69 metros por segundo. Já a região do PCJ ficava com 5 metros por segundo, volume reduzido para 3 metros cúbicos por segundo.
Marco Antônio disse que a Sanasa não ofereceu o desconto aos usuários que diminuissem o consumo, como fez a Sabesp na grande São Paulo, por questões financeiras. “Estaríamos sem tratar água, porque o custo é alto. Mesmo assim, a população economizou 20%”, declarou.
Uma das ações diferenciadas adotadas para o tratamento da água durante a crise de escassez foi o aumento do uso de cloro, destacou Marco Antônio. Enquanto cidades como Jundaí adicionam 0,2 parte por milhão (ppm) de cloro, Campinas utiliza 200 ppm de cloro, devido à qualidade ruim da água que chega à região.