Um novo personagem suspeito de integrar o grupo que planejou e executou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes veio à tona após a divulgação de parte da delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz - réu confesso pelo assassinato. Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como "Macalé", era sargento reformado da Polícia Militar (PM) e teria intermediado a contratação do ex-PM Ronnie Lessa para cometer o crime. Suspeito de ter ligação com a contravenção no Rio de Janeiro, o policial foi morto a tiros, aos 54 anos, em 2021, na Zona Oeste da capital fluminense.
De acordo com a delação de Élcio Queiroz, Macalé foi o responsável por contratar Ronnie Lessa para matar Marielle. Ele seria o intermediador entre o mandante do crime, ainda não identificado, e o ex-policial militar.
"O Edmilson Macalé esteve presente em todas; inclusive foi através do Edmilson que trouxe... vamos dizer, esse trabalho pra eles; essa missão pra eles foi através do Macalé, que chegou até o Ronnie", afirmou Élcio em delação.
A participação do ex-policial militar no crime remonta a um ano antes da execução da vereadora. De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Macalé participou ativamente do monitoramento de Marielle nos meses que antecederam o assassinato. O objetivo era rastrear os passos da parlamentar para definir quando Lessa executaria o crime.
Ele também teria sido responsável por entregar o carro usado no crime, um Cobalt prata, aos comparsas Ronniel Lessa e o ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, preso em operação da Polícia Federal nesta segunda-feira, 24. Segundo as investigações, o ex-bombeiro teria ajudado a ocultar armas um dia após prisões de Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores dos crimes.
Após Élcio Queiroz revelar a participação de Macalé no crime, o MPRJ encontrou um histórico de ligações entre Ronnie Lessa, Maxwell e Edmilson. A troca de ligações entre os três se intensificou dias antes da execução e nos dias seguintes aos crime.
Tentativa frustada de matar Marielle em 2017
Segundo Élcio, Macalé estava presente em uma primeira tentativa de assassinato de Marielle no fim de 2017. De acordo com a delação do ex-PM, Ronnie Lessa "bebeu bastante" no ano novo, na virada de 2017 para 2018, e "começou a desabafar, revoltado", contando que semanas antes ele teria ido, com Suel e Macalé, para "pegar a mulher que estavam monitorando há alguns meses", mas "o carro deu problema".
Macalé seria o responsável por atirar contra Marielle com um fuzil AK47, de uso restrito das forças de segurança do Estado, caso Ronnie Lessa falhasse no crime.
"Já tínhamos bebido bastante, aí em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher. Estava com esse trabalho ele, o Suel e o Macalé. Estavam nessa época aí, já um tempo 'campanando' esse alvo e teve uma oportunidade de chegar até esse alvo um dia, na área do Estácio, e na hora que foi pra acontecer o fato, o crime, no caso seria uma execução... o piloto do carro era o Maxwell, o atirador na frente seria o Ronnie, o outro no banco de trás seria o Edmilson Macalé", relatou Élcio.
Macalé foi executado em 2021
O sargento reformado da PM foi executado a tiros em novembro de 2021, em uma rodovia movimentada da Zona Oeste do Rio - região com atuação de milicianos.
Imagens de câmaras de segurança mostram Macalé caminhando na direção de seu carro, uma BMW de cor branca, quando é alvejado de dentro de um carro cinza. Ele morreu no local. Nada foi levado do ex-PM, segundo a Polícia Civil. Com ele, foram encontrados uma pistola Glock, de calibre 45, e documentos. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).